22 Julho 2020
O maior encontro anual do planeta, a peregrinação Haje a Meca, foi reduzida para incluir apenas cerca de 1.000 peregrinos muçulmanos neste ano, devido à pandemia da Covid-19 na Arábia Saudita.
A reportagem é de UCA News, 21-07-2020. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
O Haje, considerado o quinto e último pilar do Islã, começa no dia 29 de julho neste ano. Em tempos regulares, mais de 2,5 milhões dos 1,8 bilhões de muçulmanos do mundo visitam a cidade sagrada de Meca para realizar a peregrinação.
Neste ano, o Haje será realizo sob rigorosos protocolos de higiene, com permissão dada apenas a peregrinos com menos de 65 anos de idade e sem doenças crônicas.
Os peregrinos terão que passar por um teste de coronavírus antes de chegarem em Meca e terão que ficar em quarentena em casa após a peregrinação, segundo as autoridades de saúde da Arábia Saudita.
A peregrinação será limitada a 1.000 pessoas que já estão presentes no reino. Cerca de 70% são estrangeiros, enquanto o restante é de 29 milhões de muçulmanos da Arábia Saudita, disseram as autoridades.
Pessoas de 160 nacionalidades foram escolhidas para participar do Haje neste ano. Eles iniciaram uma quarentena de sete dias no dia 19 de julho, disseram o Ministério do Haje e da Umra.
Zayed al-Tuwailan, comandante das Forças de Segurança do Haje, disse no dia 19 de julho que medidas de segurança já estavam em vigor para os peregrinos, de acordo com a Agência de Imprensa oficial da Arábia Saudita.
Durante o Haje, os peregrinos convergem para a cidade de Mina, antes de viajar para outros locais sagrados, como o Monte Arafat e a Grande Mesquita de Meca.
Durante o evento, que dura cinco ou seis dias, eles se encontram com outros muçulmanos, rezam juntos e realizam rituais simbólicos. Eles vestem roupas brancas e se abstêm das relações sexuais.
O Islã espera que todos os muçulmanos que tenham a possibilidade façam o Haje pelo menos uma vez na vida. No entanto, ele foi reduzido neste ano depois que especialistas em saúde alertaram que milhões de pessoas reunidas em locais congestionados poderiam espalhar a infecção por coronavírus.
A decisão de excluir peregrinos de fora da Arábia Saudita é algo inédito na história moderna do reino, que ainda precisa reiniciar as ligações aéreas internacionais.
A Liga Muçulmana Mundial e a Organização para a Cooperação Islâmica, com sede na Arábia Saudita, apoiaram a decisão do governo.
Quem for pego transportando peregrinos ilegais corre o risco de ficar 15 dias preso e de pagar uma multa de até 10.000 riais [quase 14 mil reais], disse uma importante autoridade saudita.
A Arábia Saudita registrou 253.349 casos de Covid-19, incluindo 2.523 mortes – o número mais alto entre os países do Golfo Pérsico.
Novas medidas divulgadas na semana passada afirmam que os fiéis serão obrigados a usar máscaras, e as orações em massa serão conduzidas em conformidade com as normas de distanciamento social. Os suspeitos de estarem infectados serão isolados, mas poderão terminar a peregrinação.
Qualquer pessoa encontrada sem permissão em Mina, Muzdalifah ou Arafat, os principais locais do Haje, terá que pagar uma multa. O valor será dobrado para os reincidentes.
O Haje redimensionado será uma grande perda de receita para a Arábia Saudita, que já está sofrendo com os dois choques do vírus e com a queda nos preços do petróleo.
A Umra, uma peregrinação menor, foi suspensa em março. As peregrinações somam 12 bilhões de dólares ao tesouro saudita todos os anos, segundo dados do governo.
Para os governantes sauditas que se consideram guardiões dos locais mais sagrados do Islã – uma poderosa fonte de legitimidade política – é uma questão de prestígio hospedar o Haje.
Várias nações já proibiram seus cidadãos de realizar o Haje neste ano.
Desde que o primeiro Haje oficial foi realizado sob a liderança do profeta Maomé em 632 E.C., a peregrinação foi cancelada muitas vezes devido a guerras, fomes, doenças e por razões políticas.
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Pandemia faz com que peregrinação a Meca seja para apenas 1.000 peregrinos - Instituto Humanitas Unisinos - IHU