Fábrica de São Pedro. “Esse instituto depende da Cúria Romana. Os negócios escusos exploram os cones de sombras do Vaticano”

Praça São Pedro. | Foto: Vatican Media

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02 Julho 2020

Nos meandros de institutos como a Fábrica de São Pedro, economicamente poderoso e ao mesmo tempo "de vida longa e apartado", historicamente os negócios escusos exploram os cones das sombras para escapar do "controle dos órgãos responsáveis". Portanto, não é de admirar que ocorram "irregularidades e crimes de caráter administrativo". São desvios lamentáveis e embaraçosos, em particular para a Santa Igreja Romana, "mas também fisiológicos". É o pensamento de Franco Cardini, historiador e ensaísta especializado em Idade Média e cristianismo, sobre a intervenção da Reverenda Fabrica Sancti Petri, instaurada por Bergoglio.

A entrevista com Franco Cardini é editada por Domenico Agasso Jr., publicada por La Stampa, 01-07-2020. A tradução é de Luisa Rabolini.

Eis a entrevista.

Professor, qual é o papel da Fábrica, construída em 1506 com o papa Júlio II?

Como todas as fabricae ou fabriceriae do mundo cristão latino, isto é, os complexos e aparatos de tipo institucional-administrativo, sua tarefa consiste em garantir os serviços materiais, logísticos, econômicos e administrativos relativos à vida do edifício, a Basílica.

O que isso significa em termos concretos?

Gerenciar as exigências daqueles que conduzem o dia-a-dia da Basílica, as despesas relacionadas, os problemas técnico-funcionais, o patrimônio mobiliário e imobiliário vinculado, os créditos e as dívidas e o relativo orçamento.

Por que sempre foi considerado um organismo "poderoso e influente"?

As fábricas das catedrais ou das abadias dependem dos bispos de cada diocese ou dos abades de cada abadia. A basílica de São Pedro é, contudo, um santuário que depende do papa não como bispo de Roma, mas como sucessor do príncipe dos apóstolos. A Fábrica de São Pedro está, portanto, intimamente ligada à Cúria, à Câmara Papal e ao Tesouro. É natural que os fabricários estejam em contato com assuntos muito reservados relacionados aos bens e ao orçamento do instituto pontifício como um todo.

Causou-lhe surpresa a providência do Papa sobre a intervenção e a solicitação de uma reforma?

Não, isso não me surpreende. Institutos desse tipo, também devido à sua longevidade e à natureza apartada de seu trabalho diário, muitas vezes escapam ao controle dos órgãos responsáveis por isso e é completamente normal que ocorram desserviços, irregularidades e até erros, nem autênticos crimes de natureza administrativa podem ser excluídos. O atual pontífice já interveio várias vezes com medidas corretivas ou mesmo com simples verificações a esse respeito. Trata-se de atos legítimos, aliás, obrigatórios, que devem ser avaliados periodicamente e em relação aos quais qualquer pré-julgamento de caráter escandaloso ou conspiratório estaria fora de lugar.

Em que sentido?

Os atos ilícitos existem e, no caso de institutos de estrutura e gestão complexas, são em si mesmos, quando isoladas e excepcionais, expressão da fisiologia mais que da patologia administrativa.

 

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