12 Mai 2020
A transformação digital começou com o e-mail em 1971 e com os primeiros editores de textos e planilhas na década de 1980, mas será muito mais sentida quando a inteligência artificial e processos robotizados forem mais efetivos na substituição do trabalho humano. Vive-se um boom de tecnologias que vão mudar a forma de convivência em sociedade e a grande transformação se dará quando não se souber mais distinguir o que é humano do que é máquina.
A reportagem é de Lorena Oliva Ramos, publicada por EcoDebate, 11-05-2020.
Estima-se que cerca de 70% da população brasileira tem acesso à internet, volume acima da média global de 57%. Segundo relatório Digital 2019 da We Are Social e da Hootsuite, mais de 149 milhões dos quase 212 milhões de habitantes do país são usuários de internet. A ideia de transformação digital não é nova e já está em curso há algum tempo, ficando mais evidente sua evolução e utilização a partir do momento em que ela começou a transformar a vida das pessoas.
Elton Ivan Schneider, diretor da Escola Superior de Gestão, Comunicação e Negócios do Centro Universitário Internacional Uninter, explica que a Covid-19 está aumentando a velocidade de uso de tecnologias. “A pandemia atual não está transformando a evolução tecnológica, está transformando a forma e maneira como vivemos nossas vidas. De forma abrupta passamos a depender da tecnologia para trabalhar, nos relacionar, estudar, comprar e viver”, afirma.
Para o diretor, o momento atual está adiantando a chegada à nova sociedade baseada em uso intensivo de tecnologias, o que alguns chamam de sociedade 5.0. “Nesse novo formato o foco não recai apenas nas tecnologias, mas na sociedade que está inserida em um determinado ambiente e que vai ser impactada pelas novas tecnologias”, explica.
O sucesso de uma nova tecnologia depende do uso que a sociedade faz dela. No caso em que se vive hoje, todas as tecnologias que possam ser utilizadas para reduzir o impacto do isolamento social exigido pela pandemia serão consideradas bem-vindas, benéficas e de sucesso.
Já faltam profissionais da área digital hoje, no futuro haverá uma escassez e uma supervalorização daqueles que estiverem prontos a surfar nesta nova onda. “Não se trata de tendência, mas de realidade de empregos e negócios”, afirma o diretor.
Schneider também acredita que alguns cuidados devem ser tomados com as mudanças proporcionadas pela pandemia, e principalmente, com as soluções tecnológicas adotadas. “Elas podem ser importantes e interessantes para o momento, mas podem ser devastadoras se não forem bem dosadas no futuro. Outro aspecto é que sua implantação e uso terá diferentes caminhos”.
A pandemia obrigou a todos, por exemplo, a experimentar processos de ensino a distância (EAD). Essa modalidade é representativa desde 2018, quando 52% dos alunos do ensino superior brasileiro se matricularam em cursos EAD. Já haviam previsões de que em menos de cinco anos, muitos cursos (Educação, Direito, Gestão, Engenharia) deixariam de existir no período noturno. Schneider acredita que em 2020 muitos cursos vão ter dificuldades para continuar existindo. “No próximo censo do ensino superior brasileiro veremos esta tendência se solidificar e ser a nova realidade do ensino superior”.
Outros setores como marketing digital, e-commerce, teletrabalho e negócios também foram impactados pela digitalização. Confira relação mais detalhada de cada atividade e os cuidados, segundo Schneider, que a sociedade deverá tomar.
• Educação on-line para criança de 0-10 anos: como recurso para reduzir o distanciamento e como forma de manutenção de atividades de aprendizagem por um curto período de tempo, pode ser bem-vinda, mas no longo prazo pode ser prejudicial, não é solução;
• Telemedicina: pode nos auxiliar na identificação de doenças, na procura por outras opiniões de especialistas, na realização de cirurgias remotas, mas o tratamento e o atendimento da maior parte das doenças exigem contato e acompanhamento humano, e isto não é negociável;
• Relacionamento humano: diminui a distância, mas não substitui o contato humano. Um abraço, um aperto de mão e um beijo são insubstituíveis;
• Teletrabalho: já tínhamos as leis para isso, faltava o empurrão para acontecer, não tem mais volta, vai ser uma realidade daqui para frente;
• Marketing Digital, E-Commerce e Varejo Digital: estavam sendo implantados aos poucos pelas empresas. Daqui para frente terão investimentos altíssimos e a procura por profissionais destas áreas vai explodir.
FECHAR
Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:
Tendências tecnológicas pré e pós pandemia - Instituto Humanitas Unisinos - IHU