30 Janeiro 2020
Para entender em que ponto estamos, ao longo do árduo caminho da civilização, vamos tentar imaginar os efeitos que teria tido, na China de 100 anos atrás, uma epidemia como a atual. Como eram a higiene doméstica e pessoal naquele imenso país; o estado dos hospitais; os conhecimento médico e farmacológico. O próprio conceito de "alerta sanitário", com medidas públicas severas e extensas, exércitos de funcionários mobilizados, cidades vazias, escolas fechadas, visão global da emergência (a Organização Mundial da Saúde move seus primeiros passos em 1948) era impensável. E não apenas na China.
O comentário é de Michele Serra, publicada por la Repubblica, 29-01-2020. A tradução é de Luisa Rabolini.
Exatamente 100 anos atrás, a "espanhola" matou cerca de três por cento da humanidade. É como se hoje morressem de gripe mais de 200 milhões de pessoas. A censura de guerra estava em vigor na Europa, as notícias da virulência da epidemia circularam pouco. Nada de "alerta sanitário", nada de noticiários de todo o mundo que transmitissem o boletim sobre mortos e infectados e as atualizações sobre as precauções a serem tomadas. As autoridades chinesas (expressão de uma ditadura) são mais falantes e colaborativas do que foram as democracias europeias, que se odiavam umas às outras na década de 1910.
O século XX, com suas guerras e seus genocídios, na segunda metade também foi o século do Progresso, ou seja, de uma melhoria das condições de vida nunca vistas antes, e do Bem-Estar, ou seja, a gestão social da pobreza e das doenças.
A quantidade de proteções e tratamentos que nos parecem naturais, são uma conquista das últimas três ou quatro gerações. Se quisermos melhorar, nunca devemos esquecer o quanto já melhoramos.
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A chinesa e a espanhola - Instituto Humanitas Unisinos - IHU