28 Janeiro 2020
Durante o final de semana, foi realizado um encontro da rede do movimento de mulheres Maria 2.0 no arcebispado de Colônia. Uma participante, Maria Mesrian, teóloga e ativista do movimento, diz: "A Igreja deve ter novamente um rosto humano e seguir a lógica do Evangelho".
A entrevista é de Martin Bornemeier, publicada por Dom Radio Alemanha, 21-01-2020. A tradução é de Luisa Rabolini.
De onde vieram as mulheres e os homens que se encontraram no fim de semana?
Estávamos ligados em rede de Düsseldorf a Bonn. A diocese vizinha de Aachen estava representada, houve também participantes de Krefeld. Pessoas vieram de várias partes.
O que foi discutido?
Primeiro, apresentamos Maria 2.0 para quem ainda não conhecia o movimento. Havia coordenadores e coordenadoras de grupos já existentes. Discutimos sobre o que estamos pedindo e em que direção nosso movimento deve seguir. Aspiramos à equiparação dos direitos e à renovação dessa Igreja, para que ela se torne novamente uma casa acolhedora para as pessoas.
Você pode nos relatar em síntese o objetivo do movimento?
Vou lhes dizer o que essencialmente é importante para mim, mas acredito que represente bem o objetivo do movimento: a Igreja deve encontrar um rosto humano e seguir a lógica do Evangelho. Lógica do Evangelho significa justiça e misericórdia como DNA do Evangelho. Queremos uma Igreja que não exclua ninguém, mas que acolha todas as pessoas que sinceramente buscam Deus.
O que você pode dizer sobre o humor das pessoas envolvidas no Maria 2.0? Transparece um pouco de resignação?
Não, absolutamente não. Não caímos em lamentações, algo que sempre me surpreende. Estávamos perplexas com o que continua acontecendo após a publicação da investigação sobre os abusos. Somos dinâmicas e olhamos em frente, porque sabemos que podemos mudar alguma coisa. Somos livres e independentes e entusiasmamos muitas pessoas, que voltam às paróquias depois de anos. Para mim, pessoalmente, a melhor coisa é quando as mulheres me dizem no final da missa que não participavam mais da paróquia há vinte anos e que, graças a Maria 2.0 se sentiram "em casa". Isso é evangelização no melhor sentido.
O percurso sinodal das Igrejas começará em duas semanas em Frankfurt. Vocês vão estar lá também?
Sim, convidamos para uma grande oração. Haverá associações de mulheres, como a Katholischer Frauengemeinschaft Deutschland (kfd - comunidade católica das mulheres da Alemanha) e as Katholischen Deutschen Frauenverbund (KDFB - união católica alemã das mulheres), Wir sind Kirche (Nós somos Igreja) - com todos os grupos favoráveis a uma reforma. O decano de Frankfurt, Johannes zu Eltz, abriu as portas da catedral para nós. Organizamos uma grande oração às 19h na Catedral de Frankfurt. Às 21h, quando o programa para os/as participantes do Caminho Sinodal tiver terminado, faremos as completas diante do fogo, para as quais convidamos a todos. Depois, estamos planejando algo importante para o Dia da Mulher, no dia 8 de março, em Colônia. Nós o anunciaremos a tempo através das mídias sociais. Estamos na fase inicial, também para a nossa semana de ação a partir de 9 de maio, que faremos novamente este ano.
O que o Percurso Sinodal planeja alcançar?
Um percurso é um percurso. Antes de tudo, é um caminho a ser percorrido por todos. Maria 2.0 não faz parte dos vários fóruns. Fomos convidados, mas intencionalmente ficamos de fora, para acompanhar. Acredito que, de qualquer forma, devemos dar uma chance a esse percurso. É o começo de uma discussão que foi evitada por muito tempo. Posições diferentes virão à luz. Para mim, o importante é que sempre lembremos que Deus é maior e que nossos pedidos devem refletir isso em primeiro lugar. Nós não somos Cristo, podemos apenas indicar ele e o exemplo que ele nos deu. Isso para mim é o evangelho e nisso está a lógica do meu empenho.
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Como está indo o movimento Maria 2.0? "Queremos uma Igreja que não exclua ninguém" - Instituto Humanitas Unisinos - IHU