26 Novembro 2019
Durante séculos, a única oração eucarística foi o Cânone romano. Agora é possível desfrutar de uma variedade maior de textos. Suas características.
O comentário é de Elide Siviero, publicada por Settimana News, 23-11-2019. A tradução é de Luisa Rabolini.
Dom Ubaldo sempre usa a mesma anáfora: a oração eucarística II. Ele a conhece de cor e fica confortante para ele falar aquelas palavras mesmo sem ler; às vezes percebe que está indo um pouco rápido demais: o hábito pode tirar a ênfase até das palavras mais altas.
Dom Asdrúbal, por outro lado, fica preocupado com a monotonia de usar sempre a mesma anáfora: todo domingo usa uma anáfora diferente. Usar anáforas diferente não deve responder à necessidade de variar, mas de procurar a mais apropriada para o momento em que se está vivendo, na assembleia, nas leituras proclamadas.
E, por outro lado, permanecer sempre na mesma oração priva a assembleia da riqueza eucológica da liturgia, que nutre e surpreende com suas altas palavras.
É importante que essa oração seja lida para que as pessoas possam seguir e entender o texto: sem pressa, mas também sem uma lentidão exasperante.
Os movimentos dos braços e mãos do presbítero, que acompanham toda a oração eucarística, são de grande importância.
Podemos agrupá-los em três grupos de significado:
1. braços e mãos que rezam: braços estendidos, braços erguidos, mãos unidas;
2. braços e mãos que santificam: imposição das mãos e bênção das oferendas;
3. braços e mãos que mostram: gesto de elevação após as palavras de consagração e da doxologia final.
Todo gesto será eloquente, se for realizado com cuidado: fala muito mais um gesto bem feito do que mil palavras ditas apressadamente.
Não existe absolutamente nenhuma reprodução mimética da partição do pão no momento em que o padre fala "o partiu": não apenas porque a partição do pão é um ato ritual específico que é feito sucessivamente, antes da comunhão, mas também porque a história da instituição não pretende "imitar" o que Jesus fez, mas é seu memorial, em um contexto composto por toda a celebração.
A assembleia também tem seu próprio gestual: uma assembleia devota e recolhida ajuda o presbítero em sua tarefa de oração. Antigamente também os fiéis permaneciam em pé (circumstantes) durante toda a oração eucarística, na posição pascal daqueles que, pelo batismo, haviam adquirido a dignidade dos filhos do Pai em Cristo, ressuscitados com ele. Quando o ritual de elevação foi criado no século XIII, as pessoas começaram a se ajoelhar por um curto momento de adoração.
A reforma do Missal Romano (1969) quis recuperar a antiga atitude da assembleia litúrgica, respeitando esse breve momento de adoração. Portanto, os fiéis “se ajoelham na consagração, a menos que sejam impedidos por ... motivos razoáveis. Os que não se ajoelham na consagração devem fazer uma profunda reverência enquanto o sacerdote se genuflete após a consagração" (OGMR 43).
Eu sou deficiente e acompanho quase tudo sentada: sinto muita falta de poder participar ativamente da oração, com o corpo: levantar, ajoelhar, sentar.
Agora vamos dar uma olhada nas várias anáforas.
Por muitos séculos, essa foi a única Oração Eucarística na liturgia latina. Quando Paulo VI autorizou a preparação de novas orações eucarísticas, estabeleceu que o cânone romano fosse deixado inalterado e que duas ou três outras orações eucarísticas fossem compostas ou buscadas para uso em determinados momentos. É um texto desprovido de uma própria ação de graças, por isso o prefácio é variável e se apresenta como uma grande intercessão, tudo baseado no tema da oferta e do sacrifício. Mostra uma estrutura complicada. No entanto, literal e estilisticamente, tem sua própria beleza e eficácia: toda a Igreja representa ao Pai o sacrifício de Cristo em um clima de exultação e alegria comum.
Retoma e reelabora uma das mais antigas orações eucarísticas que chegou até nós: aquela contida na Tradição Apostólica, atribuída a Hipólito (século II-III). A característica dessa oração é sua conotação cristológica: a celebração eucarística é um memorial da Páscoa, centro recapitulador de toda a história da salvação, mas também uma síntese de toda a vida de Cristo.
É a mais curta entre as novas anáforas; por isso é o mais utilizada e o favorita de Dom Ubaldo.
Junto com a IV, é uma verdadeira nova composição, fruto da reforma do Vaticano II. Preparada em sua estrutura fundamental pelo beneditino C. Vagaggini, resulta densa de cultura bíblica e patrística, de reminiscências de diferentes liturgias, mas também aberta às problemáticas e à linguagem da Igreja de nosso tempo. Tem as mesmas características da Oração Eucarística II, com um texto mais amplo e elaborado.
Composta no modelo das antigas Orações Eucarísticas da tradição litúrgica oriental, sobretudo a Oração de s. Basílio é a primeira a ter seu próprio prefácio fixo. A escolha dessa Oração Eucarística é, portanto, possível e recomendável, no Tempo per annum (domingos e dias da semana), nas memórias dos santos sem um prefácio próprio, nas missas rituais, nas missas para várias necessidades e nas missas votivas. Essa oração incorpora várias características das anáforas da tradição oriental. Sua linguagem é a mais bíblica das orações de rito romano.
Compostas a pedido de Paulo VI pelo Ano Santo da Reconciliação (1975), elas preveem um critério de seleção mais seletivo, uma vez que o prefácio próprio forma um todo, não separável do restante da oração e só pode ser substituído por prefácios que "se refiram aos temas da penitência e da renovação da vida". É relevante que nessas Orações o valor salvífico da Eucaristia seja relido em termos de "reconciliação", uma vez que a reconciliação é uma categoria central na história da salvação e excelente chave interpretativa da obra e da pessoa de Cristo.
Também chamada de "Oração Eucarística Suíça", pois foi preparada para o Sínodo Suíço, foi concebida em quatro exemplares, com variações no prefácio e nas intercessões de acordo com os quatro temas apresentados na abertura:
V-A) Deus guia a sua Igreja
V-B) Jesus, nosso caminho
V-C) Jesus, modelo de amor
V-D) a Igreja em caminho rumo à unidade.
Toda essa variedade é uma grande riqueza para a Igreja: é uma pena vê-la relegada a algum momento específico.
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As dez Orações eucarísticas - Instituto Humanitas Unisinos - IHU