Nicarágua. Comunicado dos Jesuítas em repúdio às violações dos direitos civis

Manifestação de estudantes na Universidade Americana de Manágua (UAM). Foto: Artículo 66

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21 Novembro 2019

Conferência de Provinciais Jesuítas da América Latina e do Caribe – CPAL, a Província Centro-Americana da Companhia de Jesus, e a Associação de Universidades confiadas à Companhia de Jesus na América Latina – AUSJAL expressam seu repúdio à constante violação de direitos humanos, civis e políticos, perpetrada pelo governo de Daniel Ortega na Nicarágua. O documento foi publicado em 20-11-2019. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.

Eis o comunicado.

 

A Conferência de Provinciais Jesuítas da América Latina e do Caribe – CPAL, a Província Centro-Americana da Companhia de Jesus, e a Associação de Universidades confiadas à Companhia de Jesus na América Latina – AUSJAL, unindo nossas vozes a dos bispos da Nicarágua e a outros muitos atores sociais, fazemos um chamado urgente à comunidade internacional para que manifeste com firmeza seu repúdio à maneira como o governo da Nicarágua, por meio de seus corpos de segurança, vem desrespeitando os direitos civis consagrados na constituição nacional:

  • Reprimindo às manifestações de protesto pacífico;
  • Provocando as pessoas e grupos de oposição para justificar sua própria violência;
  • Impedindo os direitos de liberdade religiosa e de reunião;
  • Apressando e desaparecendo com militantes da oposição;
  • Acusando seus opositores de delitos não cometidos;
  • Impedindo trabalhos humanitários e atos de desobediência civil pacífico;
  • Acusando falsa e caluniosamente autoridades da Igreja Católica; entre outros.

Declaramos nossa especial solidariedade ao padre Edwin Román e com todas as mães de família que jejuam em Masaya para pedir que seus filhos presos sejam libertos, assim como os 13 ativistas detidos recentemente por levarem água para aliviar a greve de fome.

Condenamos a invasão na Catedral de Manágua e as agressões contra o padre Rodolfo López e a irmã Arelys Guzmán, assim como o assédio contra diversas paróquias.

Condenamos a provocação dos grupos antimotins aos estudantes da Universidade Centro-Americana – UCA que, novamente, ontem, 19-11-2019, sofreram assédio nas instalações da Universidade Centro-Americana, em Manágua. Rechaçamos e condenamos a tentativa desses grupos, controlados pelo governo, de violar o campus da Universidade.

Solicitamos a Daniel Ortega que ordene imediatamente que cessem os assédios, agressões, violações de direitos humanos e civis dos membros da oposição, e exortamos a todos os responsáveis desses assédios para que mudem a sua postura. “Os nicaraguenses sofrem uma dor muito grande. As famílias que se encontram assediadas carregam um sofrimento duplo: a falta de liberdade de seus familiares encarcerados e, agora, o estado de sítio que atenta contra suas vidas”, afirma o Comunicado da Conferência Episcopal.

A Comunidade Internacional nas organizações humanitárias, religiosas e humanitárias, organismos internacionais, governos democráticos do mundo e, particularmente da Europa e da América, lhes pedimos para exercer seus melhores ofícios para garantir o retorno da Nicarágua ao sistema democrático mediante:

  • a exigência pública, do respeito imediato aos direitos civis consagrados na constituição nacional nicaraguense: liberdade de culto, liberdade de mobilização, liberdade de protesto pacífico, liberdade de organização política, liberdade de imprensa e informação, liberdade de pesquisa e educação;
  • a condenação internacional pública dos métodos de repressão que deram como resultado mais de 300 pessoas assassinadas, mais de 2 mil nicaraguenses feridos e mais de 700 presos políticos dos quais mais de 150 continuam presos;
  • ativação da Carta Democrática Inter-Americana (OEA) para prevenir um derramamento de sangue ainda maior entre o povo nicaraguense, cansado de tanta opressão, miséria e manipulação por parte do regime, assim como para prevenir a intervenção de potências estrangeiras que queiram se beneficiar nesse momento de gravíssima crise política.
  • Enviamos uma saudação especial e nossa solidariedade a todas as vítimas da violência na Nicarágua. Asseguramos o nosso apoio fraterno e nossa disposição de seguir lutando por uma sociedade mais justa e democrática.

Imploramos a bênção de Deus sobre todos, para que saibamos ser agentes de reconciliação na justiça e, na verdade.

Assinam,

Rolando Alvado, S.J.
Provincial da América Central

Ernesto Cavassa, S.J.
Presidente da AUSJAL

Roberto Jaramillo, S.J.
Presidente da CPAL

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