11 Novembro 2019
A corrida ao 5G das potências mundiais ainda não acabou e a China foi mais longe, pronta a se lançar em um novo e longo desafio: o 6G. As autoridades de Pequim deram oficialmente início ao programa de pesquisa sobre as redes de sexta geração, instituindo dois grupos de trabalho que deverão estabelecer as bases para o desenvolvimento da nova tecnologia. O anúncio foi feito com um comunicado do Ministério da Ciência e Tecnologia, relativo a uma reunião da qual participaram especialistas e representantes do estado para delinear o percurso técnico a seguir.
A reportagem é de Marco Cimminella, publicada por Business Insider, 08-11-2019. A tradução é de Luisa Rabolini.
Há apenas uma semana, as três operadoras estatais chinesas disponibilizaram aos consumidores os serviços suportados pelas redes 5G, ativando assim a maior rede de quinta geração do mundo. China Mobile, China Telecom e China Unicom apresentaram ao público planos de tarifas a partir de 128 yuan (16,61 euros) para 30 Gb de tráfego de dados por mês, permitindo assim que os consumidores com smartphones 5G desfrutem o potencial da rede de super velocidade. Agora, a pedido do executivo de Pequim, uma mesa de consultas começou a se preparar para o futuro, com duas equipes que supervisionarão todo o processo de estudo e desenvolvimento das futuras redes de comunicação. A primeira é composta por vários departamentos governamentais, encarregados de promover a implementação do 6G; a segunda é formada por 37 especialistas do mundo das universidades, da pesquisas científicas e das empresas, que deverão prestar assessoria técnica para as principais decisões que o governo tomará sobre o assunto.
Obviamente, ainda não está claro o que poderá ser feito com o 6G, os custos ou os retornos econômicos. Isso foi confirmado pelo próprio vice-ministro Wang Weiqu, segundo o qual a atual pesquisa global sobre essa tecnologia ainda está na fase inicial de exploração e os cenários de aplicação não estão definidos. E, no entanto, a ideia por si só já inflama os ânimos, alimentando tensões com os outros participantes dessa corrida. Um exemplo são as palavras, ou melhor, os tweets, do presidente dos EUA, Donald Trump, que em fevereiro último havia insistido para que as empresas aumentassem os esforços e não ficassem para trás: "Quero a tecnologia 5G, e também a 6G, nos Estados Unidos o quanto antes. Não há razão para ficarmos para trás", publicou em seu perfil no Twitter.
As redes de quinta geração são agora consideradas como uma inovação tecnológica essencial para impulsionar o crescimento econômico de um país: uma infraestrutura tecnológica que mudará a nossa maneira de trabalhar, comunicar e viver, graças a uma melhor conexão e maior poder de transferência de dados. E sobre o 5G está se desenrolando o grande conflito entre Washington e Pequim, que se articulou em torno da guerra fiscal e das críticas estadunidenses à gigante chinesa Huawei, um dos maiores fornecedores de serviços e sistemas de telecomunicações em nível global, acusada de fornecer tecnologia não segura. Em várias ocasiões, Donald Trump pediu aos aliados europeus que tomassem cuidado com os componentes chineses, por causa dos riscos de ataques cibernéticos e operações de espionagem cibernética. E incluiu a gigante Shenzhen na "Entity list", uma lista negra que impede a empresa asiática de obter suprimentos das empresas americanas das peças e componentes de que precisa. Mas as autoridades chinesas sempre responderam no mesmo tom, rejeitando as críticas da Casa Branca e até falando sobre uma "guerra fria tecnológica" em curso. E essas tensões não prejudicaram a Huawei, que conseguiu fechar 60 contratos comerciais para o 5G com várias operadoras no mundo.
Durante este ano, a Coreia do Sul e os Estados Unidos anunciaram o primeiro lançamento comercial do 5G em áreas limitadas. Enquanto isso, outros países do mundo estão correndo para implementar as redes de quinta geração em solo nacional, a fim de acelerar o tráfego de dados (o 5G deveria garantir uma velocidade cerca de 20 vezes maior que o 4G) e desenvolver a infraestrutura capaz de suportar de maneira cada vez mais eficiente novas tecnologias, como os carros autônomos e a realidade aumentada.
Mas com o lançamento oficial das operadoras chinesas na semana passada, parece que a maior rede de quinta geração disponível para os consumidores está ativa na China, segundo alguns analistas. E isso inclui 50 cidades, entre as quais Pequim e Xangai, graças a 86 mil estações 5G já em operação: o objetivo, informa um comunicado, é ativar mais de 130 mil até o final do ano. Um desenvolvimento capilar que preocupa Washington, que terá que lidar logo com o novo desafio do 6G lançado do outro lado do Pacífico.
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A China lança o plano de desenvolvimento do 6G: o novo desafio tecnológico já começou - Instituto Humanitas Unisinos - IHU