13 Junho 2019
A revista da Fundação Cultura Estratégica (FCE) publicou, no dia 7 de junho, uma importante obra editorial dedicada a destacar o forte contraste entre a aliança estratégica para o século XXI que está se consolidando entre China e Rússia, e também a situação de inimizade e enfrentamento que se aprecia entre os líderes do Ocidente. O presidente russo, Vladimir Putin, recebeu seu colega chinês, Xi Jinping, em Moscou, esta semana, para uma visita de Estado de três dias. No encontro, não apenas se apreciou o afeto pessoal cultivado entre eles em quase 30 reuniões, nos últimos seis anos. O presidente Xi se referiu a Putin como um amigo próximo e um grande aliado internacional.
A reportagem é de Manuel E. Yepe, publicada por Alai, 11-06-2019. A tradução é do Cepat.
Mais importante é o facto de as duas nações estarem solidificando uma aliança estratégica que pode definir a geopolítica do século XXI, considera o editorialista da FCE. Putin e Xi - que também participaram recentemente do Fórum Econômico Internacional de São Petersburgo - assinaram uma série de acordos bilaterais de comércio que impulsionarão o desenvolvimento da Eurásia e, de fato, o desenvolvimento mundial.
De particular importância é o contínuo impulso de Moscou e Pequim para realizar o comércio internacional em moedas nacionais, evitando assim o uso do dólar americano como meio de pagamento em transações internacionais. Este é um passo crucial para neutralizar o suposto controle hegemônico do sistema financeiro global por parte de Washington.
Aos olhos do mundo neste momento, Washington abusa de sua posição privilegiada de imprimir ou reter dólares para impor sua dominação imperial. Esse abuso deve parar, e vai parar quando a Rússia e a China abrirem caminho para um novo mecanismo mais justo das finanças e do comércio internacional.
A política de cooperação e parceria entre iguais descrita por Putin e Xi se baseia no respeito mútuo e na prosperidade pacífica. Essa visão não é para essas duas nações, mas para todas as outras, porque essa política implica em um mundo multilateral sem restrições de qualquer tipo. No contexto destes princípios, a consolidação de uma aliança entre a Rússia e a China é uma esperança para um futuro pacífico do planeta, diz a revista russa da FCE.
Essa visão positiva é especialmente bem-vinda em um momento em que os Estados Unidos, sob o comando do presidente Donald Trump, desencadearam grande tensão e múltiplos conflitos em sua tentativa de sustentar sua deteriorada dominação global.
Os Estados Unidos estão aplicando sanções e ameaças a numerosas nações, incluindo Rússia e China, e até mesmo a seus supostos aliados na Europa, tudo em uma tentativa desesperada de afirmar seu poder hegemônico e unipolar.
Essa política imperial é a negação das políticas de solidariedade e associação delineadas pela liderança russa e chinesa. O estilo americano não é apenas inútil, mas acima de tudo leva à destruição e guerra. Um caminho pelo qual, em última análise, ninguém vence, diz o editorialista da FCE.
A história tem mostrado onde leva uma política como a americana. No século XX, duas guerras mundiais terríveis foram travadas - com quase 100 milhões de mortos - em grande parte devido à rivalidade imperialista.
A Rússia e a China foram as duas nações que mais sofreram nessas conflagrações. Ambos conhecem o horrível custo do conflito, mas também o quanto é preciosa a paz. Por isso que é encorajador ver esses dois países forjando um novo paradigma de cooperação internacional baseado na solidariedade e compromisso com o desenvolvimento do bem comum de todas as nações.
Enquanto Putin e Xi contribuem para um projeto sólido para o futuro, os Estados Unidos e alguns outros países ocidentais mostram publicamente suas divergências. A falsa camaradagem dos líderes ocidentais é desmentida por suas contínuas disputas e rivalidades.
Trump e outros líderes europeus celebraram o 75º aniversário dos desembarques na Normandia, em junho de 1944, um evento militar que anunciou a abertura da frente ocidental na Europa ocupada pelos nazistas e contribuiu para a derrota do Terceiro Reich, mas não foi nem de longe a batalha mais importante. O chamado Dia D não foi um marco definitivo na evolução da guerra.
A verdade histórica é outra. É indiscutível que foi o Exército Vermelho Soviético e os colossais sacrifícios de cidadãos soviéticos que constituíram a força fundamental para derrotar a Alemanha nazista e conseguir a libertação da Europa do fascismo. A importante Batalha de Stalingrado, que destruiu a máquina de guerra nazista, foi concluída em fevereiro de 1943, cerca de 16 meses antes dos aliados ocidentais lançarem seu dia "D".
Os líderes ocidentais gostam arrogantemente de especular sobre supostas glórias do passado. Esta feira de vaidade não altera o registro histórico ou a verdade objetiva. Aqueles que não aprendem com a história repetem seus erros e retornam a um beco sem saída. São líderes a quem o futuro assusta, diz a FCE.
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China e Rússia em aliança estratégica - Instituto Humanitas Unisinos - IHU