13 Dezembro 2018
Papa Francisco reza diante da imagem da Virgem (Foto: Vatican News)
"Na escola de Maria aprendemos que aquele protagonismo que não precisa humilhar, maltratar, desprestigiar ou zombar dos outros para se sentir valioso ou importante, não recorre à violência física ou psicológica para se sentir seguro ou protegido", não recorre "à força da intimidação e poder, ao grito da selva ou para afirmar-se com mentiras e ou manipulação", mas vive pela "renovada e renovadora força da solidariedade." No dia da festa litúrgica de Nossa Senhora de Guadalupe, padroeira da América Latina, o Papa Francisco, como todos os anos, dedicou a ela uma missa na Basílica de São Pedro.
A reportagem é de Iacopo Scaramuzzi, publicada por Vatican Insider, 12-12-2018. A tradução é de Luisa Rabolini.
Durante a celebração – que começou às 18 h, acertando o horário com o fuso horário do continente sul-americano - o Papa destacou que Maria "nos ensina permanecer em pé no meio das tempestades" e "com coração de mãe, quer dar dignidade a todos aqueles que, por diversas razões e circunstâncias, foram deixados no abandono e no esquecimento."
Partindo do Magnificat e da Assembleia do episcopado latino-americano de Puebla (1979), o primeiro Papa latino-americano chamou Maria de "pedagoga do Evangelho", que "nos lembra as promessas feitas por nossos pais e nos convida a cantar a misericórdia do Senhor. Maria nos ensina que na arte da missão e da esperança, não são necessárias muitas palavras ou programas, o seu método é muito simples: ela caminhou e cantou". A Missa foi acompanhada pelo coro da Capela Sistina e do Colégio Pio Latino-americano.
Maria caminhou, em primeiro lugar, tal como a apresenta o Evangelho quando ela visita sua prima Elizabete grávida de João, quando vai até Jesus que irá transformar a água em vinho com o seu primeiro milagre, quando sobre ao Gólgota para ficar ao pé da cruz, ou quando, em 1531, a Virgem de Guadalupe apareceu em Tepeyac, perto da Cidade do México, "continua caminhando no continente quando, por meio de uma imagem ou estampa, de uma vela ou de uma medalha, de um Terço ou Ave-Maria, entra numa casa, na cela de um cárcere, na sala de um hospital, numa casa de idosos, numa escola, numa clínica de reabilitação... para dizer: ‘Não estou eu aqui, que sou tua mãe?’”. A Virgem Maria, “mais do que ninguém, sabia de proximidades. É uma mulher que caminha com a delicadeza e a ternura de uma mãe, que permanece na vida familiar, desata um e outro nó que muitas vezes causamos e nos ensina a permanecer de pé em meio às tempestades".
"Na escola de Maria, aprendemos a estar em caminho para chegar aonde devemos estar: aos pés e de pé diante das muitas vidas que perderam, ou às quais roubaram a esperança”, disse Francisco. "Na escola de Maria, aprendemos a caminhar pelo bairro e pela cidade não com os sapatos de soluções mágicas, respostas instantâneas e efeitos imediatos; não com promessas fantásticas de um pseudo-progresso que, pouco a pouco, a única coisa que consegue é usurpar as identidades culturais e familiares, e esvaziar daquele tecido vital que sustentou nossos povos, e isso com a intenção pretensiosa de estabelecer um pensamento único e uniforme”. Na escola de Maria aprendemos a caminhar pela cidade e nutrimos o coração com a riqueza multicultural que habita o continente; quando somos capazes de ouvir esse coração escondido que palpita cuidando, como um pequeno fogo aceso sob as cinzas, o sentido de Deus e da sua transcendência, a sacralidade da vida, o respeito pela criação, os laços de solidariedade, a alegria de viver, a capacidade de ser feliz sem condições".
Maria, continuou o Papa, tem cantado em seu caminho, "suscita o canto dando voz a tantos que de uma forma ou de outra sentem que não conseguem cantar", tanto que "ensinou ao Verbo a balbuciar suas primeiras palavras." Na escola de Maria, prosseguiu Jorge Mario Bergoglio, "aprendemos que sua vida está marcada não pelo protagonismo, mas pela capacidade de fazer com que os outros sejam protagonistas. Brinda a coragem, ensina a falar e, sobretudo, anima a viver a audácia da fé e da esperança." Com Juan Diego, que viu a Virgem de Guadalupe, e "com tantos outros que, tirando do anonimato, lhes deu voz, fez conhecer seu rosto e história e os fez protagonistas desta, nossa história de salvação.”
"O Senhor - disse o Papa - não busca o aplauso egoísta ou a admiração mundana. Sua glória está em fazer seus filhos protagonistas da criação. Com coração de mãe, ela busca levantar e dignificar todos aqueles que, por diferentes razões e circunstâncias, foram deixados no abandono e no esquecimento”.
Na escola de Maria, “aprendemos o protagonismo que não precisa humilhar, maltratar, desprestigiar ou zombar dos outros para se sentir valioso ou importante; que não recorre à violência física ou psicológica para se sentir seguro ou protegido”. “É o protagonismo que não tem medo da ternura e da carícia, e que sabe que seu melhor rosto é o serviço.
Em sua escola, aprendemos o autêntico protagonismo, dignificar todo aquele que está caído e fazê-lo com a força onipotente do amor divino, que é a força irresistível de sua promessa de misericórdia”. Em Maria, o Senhor nega a tentação de dar destaque à força da intimidação e poder, ao grito da selva ou para afirmar-se com mentiras e ou manipulação. Com Maria, o Senhor protege os crentes para que não se lhes endureça o coração e possam conhecer constantemente a renovada e renovadora força da solidariedade, capaz de escutar a batida de Deus no coração dos homens e mulheres de nossos povos”.
Maria, "pedagoga do Evangelho", "caminhou e cantou o nosso continente e por isso a "Guadalupana" não é somente recordada como indígena, espanhola, hispânica ou afro-americana: é simplesmente latino-americana, mãe de uma terra fértil e generosa em que todos, de uma forma ou de outra, podemos nos encontrar desempenhando um papel de protagonistas na construção do Templo Sagrado de Família Filho de Deus. Filho e irmão latino-americano, sem medo - concluiu o Papa - canta e caminha como fez a tua mãe".
Concelebraram com o Papa, entre outros, o cardeal Marc Ouellet, presidente da Pontifícia Comissão para a América Latina, o hondurenho Oscar Rodriguez Maradiaga, coordenador do conselho dos cardeais que ajudam o Papa na reforma da Cúria que justamente nestes dias voltou a se reunir no Vaticano, o salvadorenho Gregorio Rosa Chávez, colaborador de São Oscar Romero, e o brasileiro João Braz de Aviz, prefeito da Congregação vaticana para os Religiosos. Meia hora antes da Missa, a celebração eucarística foi precedida pelo santo terço e culminou com o canto do hino do próximo Dia Mundial da Juventude, a ser realizado em janeiro de 2019 no Panamá.
«Mi alma canta la grandeza del Señor, y mi espíritu se estremece de gozo en Dios, mi salvador, porque él miró con bondad la pequeñez de su servidora» (Lc 1,46-48).
Así comienza el canto del Magníficat y, a través de él, María se vuelve la primera «pedagoga del evangelio» (CELAM, Puebla, 290): nos recuerda las promesas hechas a nuestros padres y nos invita a cantar la misericordia del Señor.
María nos enseña que, en el arte de la misión y de la esperanza, no son necesarias tantas palabras ni programas, su método es muy simple: caminó y cantó.
Así nos la presenta el evangelio después del anuncio del Ángel. Presurosa —pero no ansiosa— caminó hacia la casa de Isabel para acompañarla en la última etapa del embarazo; presurosa caminó hacia Jesús cuando faltó vino en la boda; y ya con los cabellos grises por el pasar de los años, caminó hasta el Gólgota para estar al pie de la cruz: en ese umbral de oscuridad y dolor, no se borró ni se fue, caminó para estar allí.
Caminó al Tepeyac para acompañar a Juan Diego y sigue caminando el Continente cuando, por medio de una imagen o estampita, de una vela o de una medalla, de un rosario o Ave María, entra en una casa, en la celda de una cárcel, en la sala de un hospital, en un asilo de ancianos, en una escuela, en una clínica de rehabilitación ... para decir: «¿No estoy aquí yo, que soy tu madre?» (Nican Mopohua, 119). Ella más que nadie sabía de cercanías. Es mujer que camina con delicadeza y ternura de madre, se hace hospedar en la vida familiar, desata uno que otro nudo de los tantos entuertos que logramos generar, y nos enseña a permanecer de pie en medio de las tormentas.
En la escuela de María aprendemos a estar en camino para llegar allí donde tenemos que estar: al pie y de pie entre tantas vidas que han perdido o le han robado la esperanza.
En la escuela de María aprendemos a caminar el barrio y la ciudad no con zapatillas de soluciones mágicas, respuestas instantáneas y efectos inmediatos; no a fuerza de promesas fantásticas de un seudo-progreso que, poco a poco, lo único que logra es usurpar identidades culturales y familiares, y vaciar de ese tejido vital que ha sostenido a nuestros pueblos, y esto con la intención pretenciosa de establecer un pensamiento único y uniforme.
En la escuela de María aprendemos a caminar la ciudad y nos nutrimos el corazón con la riqueza multicultural que habita el Continente; cuando somos capaces de escuchar ese corazón recóndito que palpita en nuestros pueblos y que custodia —como un fueguito bajo aparentes cenizas— el sentido de Dios y su trascendencia, la sacralidad de la vida, el respeto por la creación, los lazos de solidaridad, la alegría del arte del buen vivir y la capacidad de ser feliz y hacer fiesta sin condiciones, ahí llegamos a entender lo que es la América profunda (cf. Encuentro con el Comité Directivo del CELAM, Colombia, 7 septiembre 2017).
María camina llevando la alegría de quien canta las maravillas que Dios ha hecho con la pequeñez de su servidora. A su paso, como buena Madre, suscita el canto dando voz a tantos que de una u otra forma sentían que no podían cantar. Le da la palabra a Juan —que salta en el seno de su madre—, le da la palabra a Isabel —que comienza a bendecir —, al anciano Simeón —y lo hace profetizar y soñar —, enseña al Verbo a balbucear sus primeras palabras.
En la escuela de María aprendemos que su vida está marcada no por el protagonismo sino por la capacidad de hacer que los otros sean protagonistas. Brinda coraje, enseña a hablar y sobre todo anima a vivir la audacia de la fe y la esperanza. De esta manera ella se vuelve trasparencia del rostro del Señor que muestra su poder invitando a participar y convoca en la construcción de su templo vivo. Así lo hizo con el indiecito Juan Diego y con tantos otros a quienes, sacando del anonimato, les dio voz, les hizo conocer su rostro e historia y los hizo protagonistas de esta, nuestra historia de salvación. El Señor no busca el aplauso egoísta o la admiración mundana. Su gloria está en hacer a sus hijos protagonistas de la creación. Con corazón de madre, ella busca levantar y dignificar a todos aquellos que, por distintas razones y circunstancias, fueron inmersos en el abandono y el olvido.
En la escuela de María aprendemos el protagonismo que no necesita humillar, maltratar, desprestigiar o burlarse de los otros para sentirse valioso o importante; que no recurre a la violencia física o psicológica para sentirse seguro o protegido. Es el protagonismo que no le tiene miedo a la ternura y la caricia, y que sabe que su mejor rostro es el servicio. En su escuela aprendemos auténtico protagonismo, dignificar a todo el que está caído y hacerlo con la fuerza omnipotente del amor divino, que es la fuerza irresistible de su promesa de misericordia.
En María, el Señor desmiente la tentación de dar protagonismo a la fuerza de la intimidación y del poder, al grito del más fuerte o del hacerse valer en base a la mentira y a la manipulación. Con María, el Señor custodia a los creyentes para que no se les endurezca el corazón y puedan conocer constantemente la renovada y renovadora fuerza de la solidaridad, capaz de escuchar el latir de Dios en el corazón de los hombres y mujeres de nuestros pueblos.
María, «pedagoga del evangelio», caminó y cantó nuestro Continente y, así, la Guadalupana no es solamente recordada como indígena, española, hispana o afroamericana. Simplemente es latinoamericana: Madre de una tierra fecunda y generosa en la que todos, de una u otra manera, nos podemos encontrar desempeñando un papel protagónico en la construcción del Templo santo de la familia de Dios.
Hijo y hermano latinoamericano, sin miedo, canta y camina como lo hizo tu Madre.
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O Papa, na festa de N. S. de Guadalupe: “Filho e irmão latino-americano, sem medo, canta e caminha como fez tua Mãe” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU