23 Novembro 2018
Entrevista com o teólogo alemão, realizada para o programa Protestantismo de Raidue por ocasião da conferência "Uma Criação a ser mantida” realizada em Milão. Os participantes do encontro ecumênico "Teu coração guardará meus mandamentos (Provérbios 3: 1). Uma criação a ser guardada por cristãos responsáveis, em resposta à Palavra de Deus", que se realizou esta semana em Milão, receberam a saudação do teólogo protestante alemão Jürgen Moltmann. O idoso acadêmico, hoje com noventa anos, enviou uma mensagem em vídeo como uma entrevista para Marco Davite, editor-chefe do programa "Protestantismo" exibido pela Raidue. Apresentamos o texto abaixo.
A entrevista Marco Davite, publicada por Riforma, 21-11-2018. A tradução é de Luisa Rabolini.
Numa perspectiva protestante, quais são a razões para o compromisso dos cristãos pelo cuidado da criação?
Vivemos no fim dos tempos modernos e no início da era ecológica, que será o futuro do nosso mundo, se quisermos sobreviver. O mundo moderno é "saber e poder"; o seu lema é: vamos submeter a terra. Nós conhecemos a natureza e ainda assim a destruímos porque queremos conquistá-la. O futuro ecológico é "saber e sabedoria". O seu lema deverá ser: integrar-se na comunidade da terra, porque queremos sobreviver.
Que papel tem a Teologia em tudo isso?
A teologia moderna é culpada por ter criado uma visão antropocêntrica do mundo. A tarefa da nova teologia será transformar essa abordagem em uma nova teologia da terra. A terra é um organismo vivo: dá vida a vegetais e animais e acolhe a humanidade. A terra é nossa mãe! Tradicionalmente, a espiritualidade cristã voltou-se para o além: somos hóspedes nesta terra, estamos de passagem e, então, nos sentimos autorizados a pegar o que precisamos e jogar fora as sobras. Mas se, ao contrário, somos filhos desta terra, então devemos acabar com a exploração de nossa terra mãe. Então, precisamos de uma nova espiritualidade do lado de cá, eu chamaria de uma espiritualidade dos sentidos: tocar, cheirar e ver Deus em todas as coisas. É preciso uma Eucaristia cósmica. Ela é pai da teologia da esperança.
Se olharmos em volta, há poucas razões para sermos otimistas: ainda há espaço para a esperança hoje?
Se olharmos para o atual "contexto", não há esperança. Mas se somos crentes, devemos olhar para o "Texto", aquele com um T maiúsculo, a Bíblia. Esse texto é repleto de promessas e de esperança. É a esperança de uma nova criação, que não é projetada para o outro lado, mas se iniciou com a ressurreição de Cristo. O Espírito da vida é derramado sobre toda a humanidade, e a esperança olha para o novo céu, para a nova terra e para a justiça. E é com essa esperança que queremos nos comprometer em defender a natureza da destruição, do aquecimento global, que não submergirá apenas o Mianmar, mas também minha cidade natal, Hamburgo. É essa esperança que nos impulsiona a fazer tudo que está ao nosso alcance de permitir aos nossos filhos, e aos filhos dos filhos, poder viver.
"Teu coração guardará meus mandamentos (Provérbios 3: 1). Uma criação a ser guardada por cristãos responsáveis, em resposta à Palavra de Deus”, (Milão 19-21 de novembro de 2018), é organizado pelo Departamento Nacional para o ecumenismo e diálogo inter-religioso (UNEDI) da CEI, em colaboração com Federação das igrejas evangélicas na Itália (FCEI), a Arquidiocese Ortodoxa da Itália e de Malta, a Igreja apostólica armênia, a Diocese copto-ortodoxa de São Jorge, em Roma, a Igreja da Inglaterra e a Diocese ortodoxo romena da Itália.
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Ambiente. Moltmann, por uma nova teologia da terra - Instituto Humanitas Unisinos - IHU