02 Outubro 2018
O candidato do PSL à Presidência da República, Jair Bolsonaro, atestou não só a resiliência de seu eleitorado como viu crescer suas intenções de voto a 31% na pior semana de sua campanha desde o atentado a faca que sofreu em 6 de setembro. É o que mostra pesquisa Ibope divulgada nesta segunda-feira, 1º, após reportagens negativas na imprensa e uma massiva marcha no sábado, 29, liderada por mulheres em todos os estados do país, gritando #EleNão. De acordo com a CEO do Ibope, Márcia Cavallari, o capitão reformado apresentou crescimento de 6% entre o eleitorado feminino. O levantamento trouxe, ainda, notícias negativas para o candidato Fernando Haddad (PT), que oscilou negativamente - de 22% para 21% - em relação ao último Ibope encomendado pela TV Globo e pelo jornal O Estado de S.Paulo e divulgado no dia 24 de setembro. A rejeição ao petista subiu de 30% para 38% e ele voltou a empatar com Bolsonaro em um eventual segundo turno.
A reportagem é publicada por El País, 02-10-2018.
O levantamento foi realizado poucos dias após reveses importantes em sua campanha. Reportagem da revista Veja de quinta-feira, 27, revelou que a ex-mulher de Bolsonaro, Ana Cristina Siqueira Valle, o havia acusado de ocultação de patrimônio, recebimento de pagamentos não declarados e do furto de um cofre – além de ter dito que o candidato tem um comportamento “agressivo” – durante o processo de separação. Na terça-feira, o jornal Folha de S.Paulo publicou matéria segundo a qual Cristina disse ao Itamaraty, em 2011, que se mudou para Noruega porque havia sido ameaçada de morte pelo ex-marido. Procurada após as publicações, Cristina disse que mentiu na época.
O eleitorado de Bolsonaro resistiu, ainda, ao fogo amigo sofrido pelo candidato, também na última semana, quando seu candidato a vice, o general Hamilton Mourão, chamou o 13º salário de uma “jabuticaba brasileira". O capitão teve que rebater a declaração do leito do hospital, onde ainda estava internado: Criticar o 13º salário "além de uma ofensa à quem trabalha, confessa desconhecer a Constituição”. Bolsonaro ainda desafiou explicitamente a autoridade eleitoral brasileira ao afirmar, em entrevista ao programa policial de José Luis Datena, na TV Bandeirantes, que não aceitaria qualquer resultado diferente da eleição dele. Durante o fim de semana, o candidato baixou o tom do discurso e disse que sua chapa vai ganhar no primeiro turno: "A diferença será tão grande que será impossível qualquer possibilidade de fraude".
Além do crescimento de intenções de voto no primeiro turno, Bolsonaro voltou a empatar com o segundo colocado nas pesquisas, Fernando Haddad, na simulação de segundo turno. No Ibope anterior, do dia 24, o petista estava em vantagem na disputa (43% a 37%). No levantamento divulgado hoje, os dois candidatos aparecem com 42% das intenção de voto. A eleição parece que será decidida em uma batalha de rejeições, altas em ambos os casos. Segundo o Ibope, 44% dos eleitores não votariam em Bolsonaro e 38%, em Haddad.
Na simulação de segundo turno entre o capitão reformado e Ciro Gomes (PDT), o primeiro tem 39% das intenções de voto e o segundo, 45%. Geraldo Alckmin do PSDB também venceria a segunda etapa da disputa, por 42% a 39%. Já Marina Silva (Rede), perderia de Bolsonaro de 43% a 38%.
A pesquisa ouviu 3.010 eleitores em 208 municípios, entre os dias 29 e 30 de setembro. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.
(Entre parênteses o índice de cada candidato na pesquisa anterior, divulgada no dia 24 de setembro).
Jair Bolsonaro (PSL): 31% (28%)
Fernando Haddad (PT): 21% (22%)
Ciro Gomes (PDT): 11% (11%)
Geraldo Alckmin (PSDB): 8% (8%)
Marina Silva (Rede): 4% (5%)
João Amoêdo (Novo): 3% (3%)
Alvaro Dias (Podemos): 2% (2%)
Henrique Meirelles (MDB): 2% (2%)
Guilherme Boulos (PSOL): % (1%)
Cabo Daciolo (Patriota): 1% (0%)
Branco/nulos: 12% (12%)
Não sabe/não respondeu: 5% (6%)
Jair Bolsonaro (PSL): 44% (46%)
Fernando Haddad (PT): 38% (30%)
Marina Silva (Rede): 25% (25%)
Geraldo Alckmin (PSDB): 19% (20%)
Ciro Gomes (PDT): 18% (18%)
Poderia votar em todos: 2% (2%)
Não sabe/não respondeu: 6% (7%)
Ciro Gomes (45%) X Bolsonaro (39%) - Branco/nulo (13%)/Não sabe (3%)
Geraldo Alckmin (42%) X Bolsonaro (39%) - Branco/nulo (17%)/Não sabe (3%)
Haddad (42%) X Bolsonaro (42%) - Branco/nulo (14%)/Não sabe (3%)
Bolsonaro (43%) X Marina Silva (38%) - Branco/nulo (17%)/Não sabe (2%)
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Ibope: Bolsonaro volta a crescer e vai a 31% enquanto Haddad vê rejeição disparar - Instituto Humanitas Unisinos - IHU