Cecília Meireles na oração inter-religiosa desta semana

Foto: Pixabay

Mais Lidos

  • Alessandra Korap (1985), mais conhecida como Alessandra Munduruku, a mais influente ativista indígena do Brasil, reclama da falta de disposição do presidente brasileiro Lula da Silva em ouvir.

    “O avanço do capitalismo está nos matando”. Entrevista com Alessandra Munduruku, liderança indígena por trás dos protestos na COP30

    LER MAIS
  • Dilexi Te: a crise da autorreferencialidade da Igreja e a opção pelos pobres. Artigo de Jung Mo Sung

    LER MAIS
  • Às leitoras e aos leitores

    LER MAIS

Revista ihu on-line

O veneno automático e infinito do ódio e suas atualizações no século XXI

Edição: 557

Leia mais

Um caleidoscópio chamado Rio Grande do Sul

Edição: 556

Leia mais

Entre códigos e consciência: desafios da IA

Edição: 555

Leia mais

13 Julho 2018

Neste espaço se entrelaçam poesia e mística. Por meio de orações de mestres espirituais de diferentes religiões, mergulhamos no Mistério que é a absoluta transcendência e a absoluta proximidade. Este serviço é uma iniciativa feita em parceria com o Prof. Dr. Faustino Teixeira, teólogo, professor e pesquisador do PPG em Ciências da Religião da Universidade Federal de Juiz de Fora – MG.

Canção da tarde no campo

Caminho do campo verde,
estrada depois de estrada.
Cercas de flores, palmeiras,
serra azul, água calada.

Eu ando sozinha
no meio do vale.
Mas a tarde é minha.

Meus pés vão pisando a terra
que é a imagem da minha vida:
tão vazia, mas tão bela,
tão certa, mas tão perdida!

Eu ando sozinha
por cima de pedras.
Mas a flor é minha.

Os meus passos no caminho
são como os passos da lua:
vou chegando, vais fugindo
minha alma é a sombra da tua.

Eu ando sozinha
por dentro de bosques.
Mas a fonte é minha.

De tanto olhar para longe,
não vejo o que passa perto.
Subo monte, desço monte,
meu peito é puro deserto.

Eu ando sozinha,
ao longo da noite.
Mas a estrela é minha.

Fonte: Cecília Meireles. Obra poética. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1985, p. 186.

Cecília Meireles | Foto: Acervo Última Hora

Cecília Benevides de Carvalho Meireles (1901-1964): Professora, poetisa, jornalista e pintora nascida no Rio de Janeiro. Foi a primeira mulher brasileira a ganhar expressão na literatura; aos 18 anos publicou seu primeiro livro de sonetos, Espectro (1919). Integrou o círculo literário da Revista Festa, um grupo católico de onde trouxe a tendência espiritualista que percorrem seus poemas. Com mais de 50 obras publicadas, sua composição poética foi marcada por muita musicalidade. Entre as homenagens recebidas, destaca-se o Prêmio Machado de Assis de 1965. 

As poesias "Canteiros" e "Motivo" foram musicadas pelo cantor Fagner. Em meio a sua vasta produção literária, destacamos: Viagem (1939), que lhe rendeu o prêmio da Academia Brasileira de Letras; Vaga Música (1942); 
Mar Absoluto (1945); Poemas Escritos Na Índia (1962); Antologia Poética (1963); Ou Isto Ou Aquilo (1965); Escolha o Seu Sonho (1964).