10 Fevereiro 2018
O chanceler da Pontifícia Academia das Ciências, de volta de uma viagem a Pequim, exalta a China como um país onde o "bem comum" é o valor primário; onde "não existem favelas" nem drogas, onde o meio ambiente é respeitado. Não como os Estados Unidos de Donald Trump. "Muitos pontos de encontro" entre a China e o Vaticano.
A reportagem foi publicada por Asia News, 07-02-2018. A tradução é de Luisa Rabolini.
"Neste momento, os que atendem melhor a doutrina social da Igreja são os chineses." Quem declarou isso foi Mons. Marcelo Sánchez Sorondo, chanceler da Pontifícia Academia das Ciências.
Na edição espanhola do Vatican Insider do último 2 de fevereiro, o bispo argentino enumera todas as maravilhas que ele notou em sua última viagem à China: "Eles se preocupam com o bem comum, subordinam as coisas ao bem comum".
"Eu encontrei uma China extraordinária: o que as pessoas não entendem é que o princípio central chinês é trabalho, trabalho, trabalho. Não há outro. No fundo, é como dizia São Paulo: quem não trabalha, não come".
"Não existem favelas, não têm drogas, os jovens não usam drogas. Existe algo como uma consciência nacional positiva, eles desejam demonstrar que mudaram, que aceitam a propriedade privada".
De acordo com Mons. Sanchez Sorondo, Pequim "está defendendo a dignidade da pessoa", seguindo mais do que os outros países, a encíclica do Papa Francisco Laudato Si', defendendo o acordo de Paris sobre o clima.
Nisso a China diferencia-se dos Estados Unidos: "A economia não domina a política, como acontece nos Estados Unidos, como afirmam os próprios estadunidenses. Como é possível que as multinacionais do petróleo influenciem (Donald) Trump? Sabendo que tudo isso é ruim para a terra, como mostram a encíclica e os cientistas. O pensamento liberal liquidou com o conceito do bem comum, não quer nem mesmo levá-lo em consideração, afirma que é uma ideia vazia, sem nenhum interesse. Os chineses, ao contrário, não fazem isso, eles propõem o trabalho e o bem comum".
"A impressão - conclui - é que a China está evoluindo muito bem. Eles me perguntaram como estão as relações entre a China e o Vaticano, e eu respondi que no momento não existem formalmente, porque não temos embaixadores ou núncios, mas neste momento há muitos pontos de encontro. O mundo é dinâmico e sempre em evolução. Não é possível pensar que a China de hoje seja a China dos tempos de João Paulo II ou a Rússia da Guerra Fria".
Não é a primeira vez o Mons. Sánchez Sorondo que expressa elogios para a China. Em fevereiro de 2017, em uma reunião internacional sobre o tráfico de órgãos, ele defendeu Pequim com veemência contra a acusação de transplantes forçados operados por médicos chineses em prisioneiros e condenados à morte.
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Sanchez Sorondo: a China é a que melhor atende a doutrina social da Igreja - Instituto Humanitas Unisinos - IHU