24 Janeiro 2018
A agência meteorológica das Nações Unidas alertou que a pressão contínua sobre o Ártico em 2017 terá “repercussões profundas e duradouras no nível do mar e nos padrões climáticos em outras partes do mundo”, intensificando por exemplo os eventos climáticos extremos.
A reportagem foi publicada por Análise da Organização Meteorológica Mundial, 23-01-2018.
Análise da Organização Meteorológica Mundial mostrou que, enquanto 2016 mantém o recorde de ano mais quente (1,2°C), 2017 – que chegou a aproximadamente 1,1°C acima da era pré-industrial – foi o ano mais quente sem o ‘El Niño’. Segundo a agência, isso pode impulsionar as temperaturas globais a cada ano.
“Dezessete dos 18 anos mais quentes registrados foram durante este século e o nível de aquecimento nos últimos três anos tem sido excepcional”, afirmou o secretário-geral da agência da ONU.
A tendência de crescimento das temperaturas globais, marcada pelo acúmulo de recordes em 2015 e 2016, manteve o ritmo no ano passado.
A agência meteorológica das Nações Unidas alertou nesta quinta-feira (18) que a pressão contínua sobre o Ártico em 2017 terá “repercussões profundas e duradouras no nível do mar e nos padrões climáticos em outras partes do mundo”.
“A tendência de temperatura em longo prazo é muito mais importante do que o ranking de anos individuais, e essa tendência é ascendente”, disse Petteri Taalas, secretário-geral da Organização Meteorológica Mundial (OMM), um organismo técnico vinculado à ONU.
Uma análise da OMM mostrou que, enquanto 2016 mantém o recorde de ano mais quente (1,2°C), 2017 – que chegou a aproximadamente 1,1°C acima da era pré-industrial – foi o ano mais quente sem o El Niño. Segundo os estudos da agência, isso pode impulsionar as temperaturas globais a cada ano.
Descrevendo o ritmo acelerado das mudanças climáticas como “uma ameaça existencial para o planeta”, o representante especial do secretário-geral da ONU para a Redução do Risco de Desastres, Robert Glasser, disse: “Uma série de três anos recordes de calor, cada um acima de 1° Celsius, combinado com perdas econômicas recordes nos desastres em 2017, deve mostrar a todos nós que estamos enfrentando uma ameaça existencial para o planeta que requer uma resposta drástica”.
“Estamos ficando perigosamente perto do limite do aumento de temperatura de 2°C estabelecido no Acordo de Paris e o objetivo desejado de 1,5° será ainda mais difícil de ser mantido nos níveis atuais de emissões de gases de efeito estufa”, ressaltou.
Registrando as mesmas temperaturas médias globais, 2017 e 2015 foram anos praticamente indistinguíveis, já que a diferença é inferior a um centésimo de grau – inferior à margem de erro estatística.
“Dezessete dos 18 anos mais quentes registrados foram durante este século e o nível de aquecimento nos últimos três anos tem sido excepcional”, afirmou Taalas, ressaltando: “O calor do Ártico foi especialmente observado e isso terá repercussões profundas e duradouras no nível do mar e nos padrões climáticos em outras partes do mundo”.
Diferença da temperatura de 2017 (em °C) em relação à média de 1981-2010 (Foto: OMM)
A temperatura média global em 2017 foi de cerca de 0,46°C acima da média de longo prazo de 1981-2010 de 14,3°C – uma linha de base de 30 anos utilizada pelos serviços meteorológicos e hidrológicos nacionais para avaliar as médias e a variabilidade dos principais parâmetros climáticos. Elas são importantes para setores sensíveis ao clima, como gerenciamento de água, energia, agricultura e saúde.
O clima também tem uma variação natural devido a fenômenos como o El Niño, que tem uma influência de aquecimento, e La Niña, que tem uma influência de esfriamento.
“As temperaturas contam apenas uma pequena parte da história. O calor em 2017 foi acompanhado pelo clima extremo em muitos países pelo mundo”, acrescentou Taalas. Segundo ele, os Estados Unidos tiveram seu ano mais difícil em termos de clima e desastres climáticos, enquanto outros países viram seu desenvolvimento desacelerado ou revertido por ciclones tropicais, inundações e secas.
Em março, a OMM emitirá o relatório completo sobre o estado do clima em 2017, fornecendo uma visão abrangente da variabilidade e tendências da temperatura, eventos de alto impacto e indicadores de longo prazo das mudanças climáticas – como o aumento das concentrações de dióxido de carbono, o gelo marinho antártico e ártico, o aumento do nível do mar e a acidificação dos oceanos.
O relatório de março incluirá informações enviadas por uma ampla gama de agências das Nações Unidas sobre impactos humanos, socioeconômicos e ambientais, parte de um impulso para fornecer um documento de políticas mais abrangente e completo da ONU para os tomadores de decisão, no contexto dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
Glasser expressou preocupação pelo fato de que as mudanças climáticas, combinadas com a pobreza, a destruição dos ecossistemas e o uso inapropriado da terra, estão levando mais pessoas a deixar suas casas.
“Precisamos de níveis maiores de ambição para reduzir as emissões de gases de efeito estufa, combinados com ações concretas para reduzir o risco de desastres, especialmente nos países menos desenvolvidos, que contribuem pouco para a mudança climática”, ressaltou.
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Ritmo das mudanças climáticas é ‘ameaça existencial para o planeta’, alerta Organização Meteorológica Mundial (OMM) - Instituto Humanitas Unisinos - IHU