11 Dezembro 2017
Antonia Alvarez, mãe de três beneficiários do DACA e uma cidadã estadunidense, iniciou 10 dias de jejum, no dia 4 de dezembro, em frente ao Capitólio, em Washington, pela aprovação do “Dream Act” (em português, lei dos sonhos).
A medida permitiria a permanência de seus filhos e de 800.000 outros sonhadores no país e um caminho para a cidadania.
A reportagem é de Kelly Sankowski, publicada por Catholic News Service, 08-12-2017. A tradução é de Luísa Flores Somavilla.
Antonia Alvarez é natural da Cidade do México e disse que imigrou para os Estados Unidos há 16 anos, por condições perigosas no México. Atualmente, vive em New Brighton, Minnesota, onde já fez outros jejuns semelhantes a este nos últimos anos.
Mas depois do anúncio do presidente Donald Trump, em setembro, de que acabaria com o DACA, o programa de Ação Diferida para os Chegados na Infância, sua defesa tornou-se mais urgente.
Para chamar a atenção dos membros do Congresso, ela decidiu viajar para jejuar em frente aos seus escritórios. Sobre o fim do DACA, Trump pediu que o Congresso pensasse numa solução legislativa para manter o programa em março. Muitos estão pedindo que o projeto de Lei de Desenvolvimento, Alívio e Educação para Menores Estrangeiros, ou Dream Act, seja aprovado para estes fins.
Mas depois do anúncio do presidente Donald Trump, em setembro, de que acabaria com o DACA, o programa de Ação Diferida para os Chegados na Infância, a defesa de Antonia Alvarez tornou-se mais urgente.
Antonia Alvarez, paroquiana da Incarnation Sagrado Corazon, em Minneapolis, foi para Washington com um grupo de líderes da Arquidiocese de São Paulo e Minneapolis para falar com líderes do Congresso e depois ficou para trás para realizar o jejum.
Ela disse que planejava jejuar até a aprovação do Dream Act ou em 15 de dezembro, quando o Congresso deve entrar em recesso para as festas de final de ano.
Todos os dias, das 07:00 às 18:00, ela sentava numa seção do Capitólio, entre os edifícios de escritórios do Congresso e o Capitólio, pedindo que os legisladores agissem a respeito do projeto de lei.
"Às vezes, eu dizia: 'Deus, estou sozinha'", relatou, expressando o medo de fazer isso sozinha. "Mas eu escutava (e ouvia): 'Não estás sozinha'."
Agora ela realmente não está. Daniel Galan, um electricista de 25 anos de Chicago, que viu o que ela estava fazendo no Facebook, decidiu pegar um ônibus de Illinois para se unir a ela.
Daniel Galan, pároco da Igreja Católica de São Paulo, no sul de Chicago, foi da Cidade do México para os Estados Unidos aos 8 anos de idade. Ele e sua namorada são ambos beneficiários do DACA. Ele relatou que estava fazendo o jejum pelos dois, assim como por muitos outros “Dreamers” que ele conhece que não podiam viajar para Washington.
"Nossa família é pobre. Minha mãe não via futuro para mim no México, então ela me trouxe para cá para que eu pudesse ir à escola, trabalhar e me tornar alguém", disse Daniel ao Catholic Standard, o jornal da Arquidiocese de Washington.
Os três filhos de Antonia Alvarez que são beneficiários do DACA têm 24, 25 e 28 anos de idade. Seu filho mais velho é empresário e as duas filhas são estudantes, uma de graduação e outra de mestrado. Ela também tem uma filha de 12 anos que é cidadã estadunidense.
"Ela chora todos os dias pelo irmão e pelas duas irmãs", comentou.
Antonia, que tem uma empresa de limpeza de residências em Minnesota, disse que sua família pagou pela educação de todos os filhos.
"Não queremos migalhas", disse. "Trabalhamos por tudo”.
Ao contrário dela, seus filhos estão no sistema jurídico, detacou, já que precisaram dar informações pessoais e passar por um processo de inspeção para ser cobertos pelo DACA, o que facilitaria a deportação.
"O ICE (Serviço de Imigração e Controle de Alfândegas) tem todas as nossas informações", disse Galan. "Eles sabem onde nos encontrar, sabem onde moramos e onde trabalhamos".
Antonia Alvarez chamou a atenção de vários membros do Congresso, que foram falar com ela, e alguns deles levaram água quente ou convidaram-na para entrar para um intervalo. Mas ela se recusou a entrar e, em vez disso, convidou-os a visitá-la quando quiserem fazer um intervalo.
Enquanto estavam os dois do lado de fora, ao lado de uma mesa com uma grande cruz, Galan falou sobre suas esperanças para o futuro. Ele não vê o pai desde que saiu do México, mas fala com ele frequentemente. Sua mãe e seu irmão moram nos Estados Unidos.
Daniel Galan espera conseguir um green card um dia, para poder ir e vir para visitar o pai e talvez um dia trazê-lo para os EUA legalmente, caso se torne cidadão.
Ele quer abrir uma empresa de energia elétrica. Porém, teme perder o emprego quando os benefícios DACA expirarem, já que a empresa para a qual trabalha verifica as questões legais dos funcionários. Recentemente, ele renovou sua participação no DACA, que expira em março de 2019.
Mas até o Congresso aprovar uma lei mais permanente, disse que estaria "contemplando o dia em que vou perder tudo por que trabalhei".
Observando a situação de sua família, disse Antonia, "meus filhos estão com medo, mas eu não. Eu estou lutando para protegê-los... Sempre peço a Deus, sempre acredito em Deus, minha fé está sempre em Deus."
Com lágrimas no olhos, ela disse que uma de suas filhas sente tanto medo que quer sair do país e ir para Gana, onde mora o namorado, porque acha que eles não seriam discriminados lá.
Disse que não apenas rezava por sua própria família e pelos “Dreamers”, mas também por Trump, pedindo a Deus que o abençoe.
"Estou com raiva, mas (eu não) odeio. Esta não é a minha posição", acrescentou.
FECHAR
Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:
Mãe de três “Dreamers” jejua no Capitol Hill pela aprovação do “Dream Act” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU