01 Dezembro 2017
O presidente da Bolívia agradeceu à militância do MAS, que se reuniu, na noite de terça-feira, para festejar em várias praças do país. “A decisão garante uma continuidade democrática, mas também a estabilidade”, disse ele.
A reportagem é de Sebastián Ochoa, publicada por Página/12, 30-11-2017. A tradução é de André Langer.
O presidente Evo Morales disse estar feliz com a decisão do Tribunal Constitucional Plurinacional que lhe abre a possibilidade de concorrer indefinidamente à presidência. Ele considerou que esta sentença é legítima e agradeceu à militância do Movimento para o Socialismo (MAS), que se reuniu na noite de terça-feira para comemorar em várias praças do país. A oposição denuncia que o governo não está respeitando o resultado do referendo de 24 de fevereiro de 2016, que não validou uma reforma constitucional que permitiria um quarto mandato consecutivo a Morales, que prefere mudar de assunto: “A direita, em vez de questionar, deveria se preparar para as eleições”, disse. Nesse domingo haverá eleições judiciais na Bolívia. Aqueles que rejeitam a re-re-re pregam o voto nulo, porque acreditam que a maioria das e dos candidatos a juízes dos tribunais mais altos é do MAS.
“Ontem, houve uma grande surpresa para o povo, para os revolucionários, para o povo anti-imperialista: uma sentença que agora nos permite obter o voto para um novo mandato. Quero somente dizer a esse povo que não apenas se preocupa, mas também se ocupa: minha saudação, meu respeito e admiração. Fazemos parte do povo, sempre estaremos empenhados em fazer uma gestão como estamos fazendo até esse momento”, disse Morales na manhã de ontem, durante uma coletiva de imprensa no Palacio Quemado, na qual não aceitou responder a perguntas.
Na tarde da terça-feira, quando saiu a sentença, o presidente anunciou, exultante, em sua conta no Twitter (@evoespueblo): “Estamos habilitados para que o voto do povo defina dar-nos o seu apoio para uma nova gestão. A Revolução Democrática e Cultural continua. Até à vitória, sempre!”.
“Em nome do governo federal, quero agradecer por tantas mobilizações espontâneas, adesões ao recurso (apresentado ao Tribunal Constitucional) dos diferentes movimentos sociais departamentais e nacionais”, disse Morales. Ontem de manhã, um grupo de manifestantes contra a decisão do tribunal entrou na praça central Murillo de La Paz, mas foi rapidamente disperso pela polícia.
“A sentença do Tribunal Constitucional baseia-se na Constituição Política do Estado e com base no direito internacional, em nome do povo. Essa sentença apresentada por membros da assembleia garante uma continuidade democrática, mas também estabilidade, dignidade e trabalho com igualdade para o nosso povo boliviano”, acrescentou Morales.
“Cumprimos o mandato do povo que apelou ao Tribunal Constitucional Plurinacional com uma das formas definidas pelo povo boliviano, uma via constitucional, que era o recurso correspondente”, disse. Ele estava se referindo ao Congresso do MAS realizado na cidade de Santa Cruz em dezembro de 2016, quando as organizações que apoiam Morales reuniram-se com ele para avaliar a melhor maneira de abrir a possibilidade de se candidatar indefinidamente ao cargo de presidente.
Morales argumentou que a oposição não tem como falar de reeleições, porque é formada por políticos velhos, que, para cada eleição, recriam seus partidos com novas siglas e cores. “Alguns são eternos candidatos e eternos perdedores. E, vendo as grandes concentrações, sinto que esses eternos perdedores vão continuar a perder”, disse Morales. Sem dúvida, ele estava se referindo a Samuel Doria Medina.
“O Tribunal Constitucional Plurinacional do regime consuma o golpe à Constituição Política do Estado, um golpe à decisão do povo de 21F pelo qual se colocam acima da lei; com mais razão, voto nulo”, tuitou o empresário e eterno candidato à presidência Doria Medina.
O ex-presidente e porta-voz da causa marítima perante o Tribunal de Haia, Carlos Mesa, também criticou a decisão judicial no Twitter: “O Tribunal Constitucional Plurinacional destruiu as garantias democráticas. Ignora a inalienável soberania do povo (21F). Transforma a Bolívia em um país sujeito ao arbítrio do presidente e burla a majestade da lei”. Mesa pode ser candidato a presidente nas próximas eleições, mas a sua candidatura ainda não oficializada.
A Central Obrera Boliviana (COB) foi aliada do governo até o ano passado, quando “este governo ignorou todos os direitos constitucionais dos trabalhadores”, de acordo com o seu secretário executivo, Guido Mitma. “O Tribunal Constitucional está dando um presente envenenado ao Sr. Evo Morales Ayma, porque seus cálculos jurídicos estão totalmente equivocados. Em 03 de dezembro, o povo boliviano vai defini-lo”, disse.
Ontem ao meio dia, em Santa Cruz, Morales desafiou a oposição para se unir para brigar pelos votos em 2019. “Irmãos e irmãs: temos uma maravilhosa experiência para nos unir. Se (a direita) não consegue se unir, eu posso oferecer oficinas de treinamento para que possam se unir e nos enfrentar”, disse. Se for reeleito, Morales governará a Bolívia até 2025.
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Bolívia. “Que o voto do povo decida”, sobre nova reeleição de Evo Morales - Instituto Humanitas Unisinos - IHU