14 Setembro 2006
Em uma assembléia tensa, trabalhadores da Volkswagen aprovaram ontem o acordo que prevê 3.600 demissões na fábrica de São Bernardo do Campo, no ABC paulista. Cerca de 1.800 cortes serão feitos este ano e os demais até 2008, por meio de programa que oferece indenização para quem aderir. Se não houver adesões, a empresa indicará quem deve sair. A assembléia começou sob vaias de funcionários descontentes com o pacote oferecido pela empresa. Na votação, que reuniu cerca de 10 mil de um total de 12.400 funcionários, pelo menos 30% rejeitaram a proposta. A notícia é dos jornais Estado de S. Paulo, Folha de S. Paulo e Valor, 15-9-2006.
Com o aval dos empregados para promover a reestruturação, a Volkswagen garante a produção de dois novos veículos no ABC. A direção da montadora ameaçou fechar a fábrica se o plano não fosse aceito, atitude que levou o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) a suspender empréstimo de R$ 497 milhões em fase de liberação.
"Ao aprovar o acordo, os empregados da Anchieta sinalizaram que querem assegurar o futuro da fábrica", informou, em nota, o presidente da Volkswagen do Brasil, Hans-Christian Maergner. A empresa "entra em uma nova fase em que a retomada de sua rentabilidade por meio de operações mais competitivas se torna realidade".
O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, José Lopez Feijóo, disse que o ideal seria não ter demissões, "mas foi o acordo possível". Afirmou que as negociações resultaram em avanço em relação ao que a Volks propôs no início de maio. A empresa queria indicar os 3.600 demitidos e oferecia incentivo de 40% do salário mensal por ano trabalhado.
O plano também previa cortes de benefícios trabalhistas, mas alguns dos itens foram revistos, como a redução do salário em 35% para novas contratações, disse Feijóo. Com o acordo, há uma escala decrescente de benefícios. Os primeiros 1.500 funcionários que aderirem ao plano de demissão até 21 de novembro receberão 1,4 salário extra por ano de trabalho. Depois, os valores serão menores.
DISCRIMINAí‡íƒO
"É uma discriminação não pagar o mesmo salário para todos", criticou o operário da estamparia Genivaldo Teixeira, que votou contra a proposta. Ele trabalha há 17 anos na Volks.
"O pacote é bom, mas não pretendo me inscrever", disse o montador Antonio Oliveira, de 46 anos, funcionário há 13 e que votou pelo sim.
A matriz da Volkswagen deve confirmar hoje, na Alemanha, novos investimentos para a Anchieta. Feijóo calcula que, para adequar a fábrica aos novos modelos, serão necessários investimentos de R$ 1 bilhão, mas a empresa não confirma.
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Sai acordo, e Volks vai demitir 3.600 - Instituto Humanitas Unisinos - IHU