02 Setembro 2008
“Sobre as questões do final da vida a Igreja não está mais em condições de dar respostas aos novos problemas. Ela difunde um pânico inútil”, afirma o presidente da Consulta Italiana de bioética, Maurizio Mori.
A reportagem é do jornal La Repubblica, 03-09-2008.
Também para Nanni Costa, diretor do Centro Italiano de Transplantes, “as críticas ao critério da morte cerebral para estabelecer o fim da vida não são mais científicas”.
Lorenzo D’Avack, vice-presidente do Comitê Italiano de Bioética, convida que se “reflita” sobre “as legítimas dúvidas expressas pela Igreja católica”, enquanto que o médico e senador Ignazio Marino teme que “no futuro haverá riscos para os transplantes”.
Alessandro Nanni Costa, diretor do Centro Italiano de Transplantes afirma que “desconhece estudos científicos que colocam em dúvida os princípios estabelecidos pelo relatório de Harvard, há 40 anos. Estes princípios foram criticados por um parcela muita pequena do mundo científico, mas são princípios aceitos por todos os países: da Europa aos EUA, do Canadá à Austrália, dos países asiáticos à América Latina. A decisão foi tomada há 40 anos depois do primeiro transplante de coração realizado por Chris Barnard, na África do Sul”.
Eis quais são os princípios aceitos pela comunidade científica internacional. A morte cerebral é aceita quando cessam as funções do cérebro e isso é diagnosticado com meios instrumentais. Isso é confirmado pelo encefalograma, já que as células mortas não emitem sinais elétricos. E os sinais clínicos são claros: ausência de consciência, ausência de respiração espontânea e dos reflexos do crâneo com a luz na pupila.
“Contudo há uma enorme diferença entre morte cerebral e estado vegetativo persistente”, precisa NanniCosta. No segundo caso as células estão afetadas mas estão vivas, mandam sinais elétricos, o sujeito respira sozinho, tem reflexos do crâneo, enfim, a pessoa está viva”.
O que implica isso para os transplantes?
“É claro quea pessoa em estado vegetativo permanente ainda está viva e não responde aos princípios de Harvard, continua Nanni Costa, porque as suas células cerebrais funcionam. Mas a certificação da morte cerebral assinala uma separação entre o que é vivo e o que não é. A lei diz que o transplante pode ser feito quando é certificada a morte cerebral ou cardíaca. Neste caso, sempre a lei diz que isso se confirma quando cessa o fluxo de oxigênio ocasionando a morte da células cerebrais. Na Itália, anualmente, dois milhões de mortes cerebrais são atestadas e em todos estes processos houve a morte da pessoa”.
A certificação da morte, recorda o diretor do Centro Italiano de Transplantes, é uma condição necessária para a retirada dos órgãos e isso graças ao documento de Harvard, “importante, seja do ponto de vista cientifico seja do ponto de vista legar e ético”, conclui. Segundo ele, na Itália, nos últimos quarenta anos, foram feitos mais de 50 mil transplantes. Destes, 25 mil, somente nos últimos dez anos.
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"Mas a ciência não duvida da morte cerebral’, afirmam especialistas - Instituto Humanitas Unisinos - IHU