22 Setembro 2017
É curioso, além de inesperado e incomum, o acordo assinado nessa quinta-feira, 21, na Rádio Vaticano, entre a Secretaria para a Comunicação, dirigida pelo prefeito Edoardo Viganò, e a Companhia de Jesus, representada pelo Pe. Juan Antonio Guerrero Alves, delegado do prepósito geral dos jesuítas, Pe. Arturo Sosa Abascal.
A reportagem é de Luis Badilla e Francesco Gagliano, publicada por Il Sismografo, 21-09-2017. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
O Mons. Viganò disse à SIR, agência cada vez mais próxima ao prefeito do novo dicastério, que “a convenção assinada hoje é o resultado de um lento processo de compreensão de uma nova situação, de como a Companhia de Jesus pode continuar servindo a Igreja na missão apostólica de anunciar o Evangelho em uma nova realidade”, justamente, a Secretaria para a Comunicação.
Como recordou o Papa Francisco, mencionando a secretaria, “não de trata de uma coordenação ou de uma fusão de dicastérios anteriores, mas de construir uma verdadeira instituição ex novo”. Depois, Viganò acrescentou: "Por esse acordo, sou verdadeiramente grato à Companhia de Jesus, ao padre geral, Arturo Sosa Abascal, e ao seu delegado, Pe. Juan Antonio Guerrero Alves, pelo estilo de discernimento realizado. Posso expressar a gratidão não só minha, pessoal, ou do dicastério, mas também do Santo Padre, que eu sempre mantive informado sobre os passos dessa renovada presença dos padres jesuítas na nova realidade comunicativa”.
“Os tempos mudam”, declarou, de sua parte, o delegado da Companhia de Jesus, Pe. Juan Antonio Guerrero Alves: “Faz parte da vocação da Companhia de Jesus servir a Igreja, como a Igreja pede. A nossa contribuição no âmbito da comunicação nos deixa feliz porque podemos contribuir com as reformas desejadas pelo Santo Padre”.
Sabe-se que, com a saída do Pe. Federico Lombardi (fevereiro de 2016), último diretor geral da Rádio Vaticano desde o dia da sua fundação, encerrou-se a presença e colaboração decenal dos jesuítas com o papado no campo da comunicação, pelo menos como elas haviam sido definidas pelo Papa Pio XI.
Por mais de 80 anos, os jesuítas dirigiram a rádio e, com o Pe. Lombardi, também o Centro Televisivo e a Sala de Imprensa. Tudo isso acabou com “o último diretor jesuíta, Pe. Lombardi”. Agora, segundo o acordo assinado na manhã dessa quinta-feira, os jesuítas retornam, embora não esteja claro qual será a forma e a modalidade.
Portanto, parece evidente que a experiência acumulada pela Companhia de Santo Inácio de Loyola, desde sempre à frente dos três primeiros vetores históricos da comunicação vaticana (rádio, centro televisivo, sala de imprensa) revelou-se determinante e inapagável, necessária para qualquer projeto futuro de reforma da comunicação.
Os jesuítas podem dar uma contribuição mais do que relevante em um momento em que a “reforma” (que o Papa Francisco, no motu proprio da criação da Secretaria para a Comunicação chamava de “renovação”) parece estar claramente em grande dificuldade. Muito ou, melhor, muitíssimo foi desmontado e desarticulado, e viu-se pouco em substituição daquilo que se considerava superado. Até hoje, é muito evidente o “velho” que morreu, mas não o “novo” que deveria ter nascido.
Os jesuítas, mas também outros institutos religiosos, como aconselhado pela Secretaria de Estado, podem ajudar decisivamente na fase atual, não particularmente empolgante, da reforma das mídias vaticanas.
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Reforma das mídias vaticanas e o ''retorno'' dos jesuítas - Instituto Humanitas Unisinos - IHU