01 Setembro 2017
Será lançado nos próximos dias, na França, um livro-entrevista com o Papa Francisco que joga luzes sobre sua intimidade.
A reportagem é publicada por Le Nouvel Observateur, 31-08-2017. A tradução é de André Langer.
Ele “agradece a Deus por ter conhecido mulheres reais” em sua vida, destaca o lado “comunista” dos cristãos e conta ter recorrido à psicanálise: o Papa Francisco abre o seu coração em um livro-entrevista que estará nas livrarias da França nos próximos dias.
Capa livro / Divulgação
Os primeiros extratos da obra intitulada Política e sociedade e que nasceu do diálogo entre o Sumo Pontífice e o pesquisador francês Dominique Wolton, são publicados na edição da Figaro Magazine desta sexta-feira.
Francisco reitera as suas primeiras mensagens expressas nos últimos anos sobre uma série de questões sensíveis debatidas na sociedade e na Igreja, especialmente sobre a abertura aos migrantes, o secularismo, os padres pedófilos, o casamento homossexual, as relações com o islã ou a comunhão aos divorciados.
O Papa Francisco faz uma homenagem especial às suas duas avós e sua mãe, que “enfrentou os problemas um depois do outro”, incluindo o sofrimento físico, e às suas irmãs.
“Depois, teve as amizades da adolescência, as ‘namoradinhas’... O fato de sempre estar em contato com as mulheres me enriqueceu”, prossegue Francisco, que disse ter “aprendido, mesmo na idade adulta, que as mulheres veem as coisas de maneira diferente dos homens” e que “é importante ouvir as duas partes”.
Ele também disse que foi fortemente influenciado por uma militante comunista, Esther Ballestrino de Careaga, que morreu durante a ditadura militar (1976-1983) após ajudar a fundar o movimento das Mães da Praça de Maio, que denunciavam o desaparecimento de seus filhos assassinados pelo regime.
“(Ela) me ensinou a pensar a realidade política (...) Eu devo tanto a esta mulher”, disse o Papa, que acrescenta: “Uma vez me disseram: ‘Mas você é comunista!’. Não, os comunistas são cristãos. Foram os outros que roubaram a nossa bandeira”.
Francisco também revelou ter “consultado uma psicanalista judia” quando tinha 42 anos, “em um momento de (sua) vida quando (ele) precisava muito”. Ele se encontrou com ela uma vez por semana durante seis meses “para esclarecer certas coisas”. “Uma pessoa muito boa” que “me ajudou muito”, disse.
Papa Francisco. Politique et société. Rencontres avec Dominique Wolton (Política e sociedade. Conversas com Dominique Wolton). Éditions de l’Observatoire, 432 páginas, 21 euros, nas livrarias no dia 06 de setembro.
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Bergoglio consultou uma psicanalista. Francisco abre o seu coração em livro-entrevista - Instituto Humanitas Unisinos - IHU