15 Agosto 2017
O Papa Francisco goza de boa saúde, pelo menos é o que se espera, mas isso não impede que, exatamente a cinco anos da sua eleição ao sólio pontifício, sejam alinhavadas elucubrações bem argumentadas sobre a sua sucessão.
A reportagem é de Fabrizio D’Esposito, publicada no jornal Il Fatto Quotidiano, 14-08-2017. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Trata-se de um exercício legítimo, sem dúvida, mas não convincente, principalmente quando saímos exaustos de dias e dias de um calor escaldante e luciferino.
Assim, no jornal Libero, o bom Antonio Socci, herege de matriz Comunhão e Libertação (grande parte dos vaticanistas italianos provém do movimento) e indômito guerreiro antibergogliano, lançou-se duramente contra o calor e deu conta de uma suposta, mas surpreendente, ou, vice-versa, de uma surpreendente, mas suposta, ruptura entre o Papa Francisco e o cardeal Pietro Parolin sobre o regime de Maduro na Venezuela.
Parolin é o secretário de Estado, isto é, o primeiro-ministro do Vaticano. Sem adentrarmo-nos nos detalhes populistas, pauperistas, revolucionários, chavistas, socialistas e diplomáticos da diatribe, limitamo-nos a um resumo “político” do caso.
Quem respondeu a Socci foi o arcebispo Angelo Becciu, sostituto para os Assuntos Gerais da Secretaria de Estado, negando, obviamente, toda diversidade de pontos de vista entre o pontífice e o “primeiro-ministro” sobre a fatídica Venezuela. A autorizada negação, porém, permitiu que o colunista do Libero relançasse e começasse a delinear a lista dos papáveis para o pós-Bergoglio, seja quem for: “Por trás da irritação do Vaticano com o meu artigo sobre os temas que opõem Bergoglio e Parolin (acima de tudo, o ditador Maduro), existe o projeto do ‘partido curial’ que visa à sucessão de Bergoglio justamente com o seu secretário de Estado. É por isso que o tema Parolin-Bergoglio é hoje um tabu indizível”.
Na prática, a nefasta Cúria, pedra de escândalo na era Ratzinger, estaria meditando a vingança, focando-se naquela que foi a escolha mais importante de Bergoglio, Parolin.
Como já aconteceu com o fenômeno do renzismo, agora o bergoglismo também estaria experimentando o nascimento de novas correntes no perímetro do desmantelamento franciscano. E Parolin, nesse ponto, seria um bergogliano diferente, como Delrio. Em todo o caso, nesses ambientes, confia-se também no “Bergoglio” asiático, o cardeal filipino Tagle.
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Quem, depois de Bergoglio? Parolin, o eleito em um conclave incomum - Instituto Humanitas Unisinos - IHU