14 Agosto 2017
Rafael Tello: o fundador da Teologia do Povo que inspirou o Papa Francisco nascia em 7 de agosto de 100 anos atrás. Dando origem a uma profecia sobre a missão reformadora de Bergoglio.
A reportagem é de Dario D’Angelo, publicada no sítio Il Sussidiario, 08-08-2017. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Nascia há 100 anos Rafael Tello, o fundador da Teologia do Povo, o pastor dedicado à evangelização, ou simplesmente o inspirador mais influente do Papa Francisco. Um padre de estilo antigo, Rafael Tello, que interpretava a missão da Igreja como intimamente ligada à pesquisa e à assistência aos pobres.
Definido por Enrique Ciro Bianchi como “um homem embebido em sabedoria evangélica, que sabia pensar as coisas da vida à luz do amor e da ação salvífica de Deus”, entre as iniciativas pastorais mais populares de Tello, a mais conhecida e que continua até hoje é a peregrinação juvenil ao santuário mariano de Luján.
Um homem que fez da fé a sua razão de viver, que lutou pela Igreja e permaneceu fiel aos seus, mesmo quando o sistema parecia ir contra ele, mesmo quando foi afastado do ensino. Ele fez isso, como observava Enrique Bianchi, “preocupando-se em apresentar a sua teologia no rastro do Magistério e da rica Tradição eclesial”.
Mas o que intriga de modo particular é o fato de o teólogo Rafael Tello ter sido o homem que inspirou o caminho como pastor do Papa Francisco. E foi o próprio Bergoglio, na qualidade de arcebispo de Buenos Aires, em 2012, como relata o jornal Avvenire, que enquadrou o seu perfil de homem da Igreja em um contexto particular como o dos anos 1970: “Tello buscou fielmente estradas para a libertação integral do nosso povo, levando até o fim a novidade evangélica, sem cair no reducionismo das ideologias. Não lhe dizem respeito, não o compreendem nem as condenações nem as suspeitas das duas ‘Instituições’ sobre a teologia da libertação emitidas pela Congregação para a Doutrina da Fé. Hoje, com a perspectiva que a história nos dá, podemos dizer sem dúvida alguma que a reflexão e a pastoral que animavam o Pe. Tello pretendiam acompanhar a ação libertadora de Deus, evitando os extremismos do ativismo secularizado-politizado, de um lado, e da resignação fatalista, de outro”.
Bergoglio acrescentou que Tello “abriu muitos dos caminhos que hoje percorremos na nossa pastoral e soube fazer isso conjugando o impulso profético com a adesão firme à sã doutrina eclesial”.
E, a propósito do impulso profético de Rafael Tello, há uma previsão em particular que não pode deixar de chamar a atenção, à distância de muitos anos. O tomista, fundador da Teologia do Povo, conhecia Bergoglio desde que o atual pontífice tinha apenas 17 anos, e um dos seus últimos encontros ocorreu poucos meses depois da nomeação a arcebispo de Buenos Aires do futuro papa.
Poucos meses antes de morrer em Luján (no dia 19 de abril de 2002), e, para ser mais preciso, no dia 20 de janeiro de 2002, Rafael Tello endereçou a Bergoglio uma carta de conteúdos surpreendentes.
Era isto – como relata o Avvenire – que se podia ler na sua missiva: “Para mim, o maior problema da Igreja argentina é como chegar a essa imensa maioria de cristãos aos quais a Igreja institucional não tem alcance. Acho que você tem uma missão providencial de iniciar uma reforma na Igreja (Buenos Aires? Argentina? Mais longe? Eu não sei). Peço a Deus que você possa cumpri-la”.
Evidentemente, ele foi ouvido.
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Rafael Tello, o teólogo que inspirou o Papa Francisco - Instituto Humanitas Unisinos - IHU