14 Junho 2017
"Acho que seria um dom para a Igreja". Tony Mifsud, SJ, diretor da prestigiada revista chilena Mensaje, referiu-se nesses termos aos até agora hipotéticos sacerdotes casados. "Talvez não agora, mas em breve será necessário, e à longo prazo pode ser que aconteça", opinou o jesuíta sobre a possibilidade de que a Igreja chegue um dia a ordenar padres homens com matrimônios vigentes.
A informação é publicada por Religión Digital, 13-06-2017. A tradução é de Henrique Denis Lucas.
Em conversa com o periódico chileno La Tercera, Mifsud comentou sobre os benefícios que os diáconos casados têm gerado no período, desde o Concílio Vaticano II, e opinou que a aceitação destes tem sido suficientemente positiva a ponto de ser proposta para que a Igreja também aceite homens, que se casaram, como sacerdotes.
"Em muitas dioceses a presença de diáconos casados tem sido muito importante", disse Mifsud, especialmente em áreas rurais ou em outras áreas onde existe uma sequia vocacional. "Creio que seja preciso ir se preparando para o próximo passo, caso ele seja necessário", ele meditou. "O fato de que haja diáconos casados demonstra que estamos nos aproximando e nos abrindo para a possibilidade desse próximo passo".
Quanto à fase em que se encontra a proposta para padres casados, a nível da hierarquia chilena, Mifsud confessou não ter nenhum conhecimento especial sobre o assunto, além de que "obviamente seja uma questão que esteja sendo considerada por razões pastorais". Razões dentro das quais o jesuíta inclui como sendo mais importante que "o sacerdócio (esteja) a serviço da comunidade". "Basicamente, é o serviço da comunhão, uni-la como vida e reconciliação", definiu Mifsud este ministério sacerdotal.
Mas estas considerações fazem o jesuíta expor uma questão fundamental, que é nada menos do que "Como melhor servir à comunidade?". Sobretudo quando "há uma escassez de sacerdotes e às vezes não se pode celebrar a Eucaristia nem a reconciliação"."Se faltam padres", argumentou Mifsud em resposta a sua própria pergunta, "não é uma má ideia começar a pensar nos homens casados para a vocação".
Mas não é que os padres casados apenas cubram uma lacuna deixada pela falta de vocações entre os homens dispostos a viver uma vida celibatária. Também eles poderiam colocar os dons particulares de suas personalidades e experiências a serviço do Povo de Deus.
"Será uma perspectiva muito interessante ter um padre casado", assinalou Mifsud seguindo essa linha. "Por exemplo, na mesma homilia. Certamente a maneira de pregar sobre a família terá um pouco da sua experiência".
Mas, por mais que tenham muitas experiências relacionadas as realidades familiares, eles também "são muito mais próximos da vida cotidiana do que nós, sacerdotes", reconheceu o diretor da Mensaje. "Às vezes, um padre usa uma linguagem que as pessoas não entendem, enquanto que um homem casado saberá como usar uma linguagem que os faça entender", recordou o jesuíta.
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Padres casados. "Acho que seria um dom para a Igreja", opina o jesuíta Tony Mifsud - Instituto Humanitas Unisinos - IHU