10 Mai 2017
"No princípio, Deus falou conosco através da criação, diz a Carta de São Paulo aos Romanos. Portanto, estudar o universo com a ciência é um ato de oração, um modo de encontrar Deus". Mas, para isso, é necessário antes encontrar Deus, como pai, como Abba. Do contrário, não se pode encontrar Deus na Ciência". Ou seja, "a fé vem antes quando se quer ver Deus na criação".
A reportagem é de Sergio Mora, publicada por Zenit, 08-05-2017. A tradução é de André Langer.
A explicação é do astrônomo Guy Consolmagno, em conversa com Zenit, durante o encontro que aconteceu na segunda-feira na Sala de Imprensa, onde foi apresentado o congresso científico sobre os buracos negros, ondas gravitacionais e singularidades do espaço-tempo, que acontecerá entre os dias 09 e 12 de maio no Observatório Astronômico Vaticano de Castel Gandolfo.
O astrônomo estadunidense Guy Consolmagno, quando já contava com um brilhante currículo científico, entrou, em 1989, na Companhia de Jesus, fazendo os votos em 1991. Em 2005, foi nomeado diretor da Specola Vaticana ou Observatório Astronômico do Vaticano. Em 2000, a União Astronômica Internacional deu seu nome a um asteróide da faixa principal, o 4597 Consolmagno, também conhecido como Little Guy.
Perguntado sobre Deus, que, como disse Santo Tomás, não é uma evidência porque não se pode 'tocá-lo" com os sentidos e sobre o universo que, ao contrário, é um reflexo de Deus, assinalou: "Deus é a evidência da existência do Universo. Porque, se não se acredita em um Deus se poderia pensar que o universo não existe, que é tudo imaginação".
Acrescentou que "se não se acredita em um Deus como o Deus do cristianismo, não se pode crer no universo que trabalha com leis e com um sistema"; ao invés disso, "seria um universo do caos, do deus natureza, como Jove ou Júpiter". Precisou, dessa maneira, que "esta não é a nossa ideia de Deus. A ideia de um Deus sobrenatural que abre espaço para as leis da Ciência".
"Nós também acreditamos - acrescentou Consolmagno - em um Deus bom que criou o Universo por sua vontade e não por um acidente ou por um acaso". Em um Deus "que disse que o Universo é bom, e que disse 'Isso é bom'".
Sobre o evento que acontecerá esta semana em Castel Gandolfo, precisou: "É um congresso científico que quer reunir tantos especialistas de vários campos, especialistas em buracos negros". E precisou que o congresso reúne não apenas os teóricos dos buracos negros, mas também aqueles que os observam e estudam a partir de outras perspectivas científicas.
"Porque acontece, muitas vezes, que há um convênio de observadores, outro de teóricos, outro de buracos negros, etc. Mas aqui queremos colocar os diversos cientistas juntos, como em uma oficina". Além disso, porque "sempre faltará tempo para fazer apresentações e discussões; por isso, queremos favorecer a troca livre de ideias".
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"Quando se tem fé, estudar o universo com a ciência é um ato de oração", afirma jesuíta astrônomo - Instituto Humanitas Unisinos - IHU