06 Março 2017
Profissionais que o atenderam na ilha afirmaram que não se apressarão para dar o diagnóstico até amanhã, quando uma série de exames clínicos será concluída. O governo ficou sob o comando do vice, Alvaro Garcia Linera.
A reportagem é de Sebastian Ochoa, publicada por Página/12, 03-03-2017. A tradução é de Henrique Denis Lucas.
A saúde do presidente Evo Morales gera preocupações e todos os tipos de conjecturas, pela escassez de informações advindas do Palácio Quemado. Sabe-se que ele está em Havana, Cuba, para tratar uma dor de garganta que estava sentindo já há três meses, mas que se intensificou desde 22 de janeiro, quando apresentou seu relatório de gestão de quase quatro horas à Assembleia Legislativa Plurinacional. Ontem soube-se que cinco otorrinolaringologistas bolivianos o examinaram e medicaram durante este período, sem que a dor desse alívio a Morales. Profissionais que o atenderam na ilha afirmaram que não se apressarão para dar o diagnóstico até amanhã, quando uma série de exames clínicos será concluída. Enquanto o presidente não voltar ao país, a agenda política ficou a cargo do vice-presidente, Alvaro Garcia Linera.
"Cinco médicos trataram dele e, apesar dos vários medicamentos que foram prescritos, até agora ele não conseguiu se curar. Preocupado em melhorar mais rapidamente e encontrar os diagnósticos com mais precisão, optou por viajar a Cuba", disse ontem o ministro da Agricultura e do Desenvolvimento Rural, César Cocarico, em uma conferência de imprensa.
"O problema da garganta complicou-se. Ele não tem podido suportar os discursos e isso tende a piorar. Sabemos que uma doença mal curada tende a se complicar. Por isso, foi recomendado que o presidente fizesse o tratamento adequado", acrescentou. A viagem de Morales a Cuba, que em um primeiro momento não deveria demorar mais de 24 horas, foi decidida após uma reunião de gabinete.
"O presidente teve que viajar por motivos de saúde. Ele está com um problema na garganta há dias, mas que agora se complicou. Na parte da manhã, tivemos uma reunião de gabinete e foi feita uma avaliação. Por recomendação e prescrição médicas, foi determinado que o nosso presidente seja submetido a uma avaliação de rotina na república irmã, Cuba", disse o ministro da Presidência, René Martinez.
Na última sexta-feira de carnaval, estranhou-se que Morales não tenha comparecido à tradicional ch’alla da Casa de Governo, embora a sua presença estivesse agendada. Hoje será inaugurada, na cidade de La Paz, a quinta linha de teleféricos (a Azul) e, ainda que a presença do presidente também fosse esperada, García Linera terá que cortar a fita de inauguração.
A oposição criticou o presidente Morales por ter ido se tratar tão longe. "Vai a Cuba por um problema de garganta, quando muitos bolivianos que têm problemas de rins ou câncer não têm nem condições de ir a uma clínica médica. O presidente se dá ao luxo, quando na Bolívia há médicos que são bons na sua área", disse a senadora de oposição da Unidade Democrática Jeanine Añez, representante do departamento de Beni.
A resposta do oficialismo não tardou a chegar. "Quero esclarecer de maneira contundente que o presidente esteve em tratamento por mais de um mês e meio na Bolívia com mais de cinco especialistas na área de otorrinolaringologia, que é a área da medicina correspondente, sem os resultados esperados. É por isso que chegamos a essa alternativa", disse a presidente da Câmara dos Deputados, Gabriela Montaño. "Pedimos ao presidente que consultasse em Cuba e acreditamos que isso seja relevante, porque com saúde não se brinca", disse ela.
O único funcionário que entregou um diagnóstico foi o ministro da Defesa, Reymi Ferreira: "É um problema de sinusite, foi o que os médicos disseram", garantiu. E acrescentou que a recomendação a Morales é muito repouso. Dentro do Movimento ao Socialismo (MAS), acredita-se que longas horas de trabalho também podem ter afetado o organismo do presidente.
"O estado de saúde do presidente é preocupante e é resultado do trabalho intenso desde de manhã cedo até altas horas da madrugada", disse o deputado oficialista Victor Borda.
De qualquer forma, permanece a questão em torno da saúde do presidente.
FECHAR
Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:
Evo viaja a Cuba para tratar garganta - Instituto Humanitas Unisinos - IHU