24 Fevereiro 2017
Vivemos um estado de transição, uma mudança de ciclo. Pensar sobre esse estado tem sido a grande provocação do Instituto Humanitas Unisinos – IHU. Esse desafio – e convite – para pensar o hoje, tendo em perspectiva o passado e tentando prospectar o futuro é mais uma vez tônica da programação de eventos do IHU em 2017.
O primeiro deles, com atividades já a partir de 9 de março, é a 14ª Páscoa IHU, que terá como pano de fundo os biomas do Brasil. Em maio, o VI Colóquio Internacional IHU tratará de política, economia e teologia a partir do estudo transdisciplinar do livro O reino e a glória. Uma genealogia teológica da economia e do governo, de Giorgio Agamben (São Paulo: Boitempo, 2011). Em setembro, o VII Colóquio Internacional IHU retomará o pensamento de Francisco Suárez em perspectiva com a metafísica e a filosofia prática. E em outubro, em mais um Colóquio Internacional, o tema será O Teorema Biopolítico da Bioética.
A temática dos biomas brasileiros não se esgota aí. Além de uma série de publicações que estão sendo preparadas para o site do IHU e para a revista IHU On-Line, também será realizado o Ciclo de Estudos: os Biomas Brasileiros e a Teia da Vida, na modalidade de Ensino a Distância - EAD. “Através de um debate transdisciplinar e sistêmico, buscamos fomentar o conhecimento e o compromisso com o cuidado e a proteção dos biomas do Brasil (Amazônia, Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica, Pampa e Pantanal)”, explica o professor Gilberto Faggion, dos programas do IHU (Re)Pensando a Economia e Sociedade Sustentável. “Nesse sentido, o Ciclo também faz relações com a encíclica Laudato Si’, que trata justamente do cuidado da ‘casa comum’”, completa. A programação ocorre de 28 de abril a 9 de junho de 2017.
O período da Páscoa é dado à reflexão sobre a Paixão de Cristo. Dentro desse âmbito e com o intuito de relacionar Teologia com as questões cotidianas, o IHU promove mais uma vez o curso, na modalidade EAD, Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus Cristo. Uma análise da narrativa de Marcos. As atividades começam em 6 de março. “Uma experiência muito significativa é a diversidade de pessoas que participam”, destaca Ana Casarotti, coordenadora do curso. Para ela, não só através do conteúdo programado, mas também da interação entre os participantes, é possível “aprofundar o conhecimento deste grande mistério da nossa fé desde a narrativa oferecida por Marcos a todos e todas aqueles que o desejam”.
O professor Lucas Henrique da Luz, que coordena diversos eventos do programa IHU Fronteiras, entende que é importante perceber “o momento de esgotamento que vivenciamos atualmente no país, no qual projetos políticos e de desenvolvimento” parecem não dar mais conta da realidade. “Nesse contexto, torna-se relevante compreender as possibilidades e os limites da reinvenção política do Brasil contemporâneo, enfocando principalmente o ser e fazer da esquerda no país”, pontua ao destacar a atualidade do ciclo. As conferências ocorrerão entre março e maio de 2017.
Nos últimos anos, o IHU tem tentado olhar com mais vagar para as questões da desigualdade. As reflexões sobre o assunto perpassam diversos eventos e publicações do Instituto. Entretanto, para fomentar o debate e tocar as questões de fundo acerca do tema, o Instituto promove a segunda edição do EAD Ciclo de Estudos do Livro “O Capital no Século XXI” – A Estrutura da Desigualdade. “Vive-se em um momento em que os níveis globais de desigualdade só têm aumentado. O que coloca em xeque a tese de que o liberalismo econômico poderia resultar em uma sociedade mais igualitária. Ao estudar o livro de Piketty, questiona-se isso, uma vez que o argumento central é o de que numa economia em que a taxa de rendimento sobre o capital supera a taxa de crescimento, a riqueza herdada sempre crescerá mais rapidamente do que a riqueza conquistada”, ressalta Faggion.
Para agosto, está sendo preparado o VII Colóquio Internacional IHU. O evento ocorrerá entre os dias 29 e 30 de agosto de 2017. O tema será o pensamento de Henry David Thoreau (1817-1862). O autor estadunidense, também poeta e naturalista, é um ativista anti-impostos, crítico da ideia de desenvolvimento. Ainda foi renomado pesquisador, historiador, filósofo e transcendentalista. Ele é mais conhecido por seu ensaio Desobediência Civil (São Paulo: Penguin Companhia, 2012), uma defesa da desobediência civil individual como forma de oposição legítima frente a um estado injusto. Outra obra célebre é o livro Walden (Porto Alegre: L&PM Editores, 2010), uma reflexão sobre a vida simples cercada pela natureza.
Entre os dias 25 e 28 de setembro, o IHU sediará o VIII Colóquio Internacional IHU. Metafísica e Filosofia Prática. A atualidade do pensamento de Francisco Suárez 400 anos depois. A proposta do evento é recuperar o debate feito em junho de 2016, desta vez com mais profundidade sobre a herança do pensamento de Francisco Suárez, retomando suas reflexões acerca da ‘Escola Ibérica da Paz’, ou Escolástica Latino-Americana, ainda conhecida como Segunda Escolástica. Neste ano, a revista IHU On-Line publicou uma série de entrevistas sobre o tema, dentre elas com os professores doutores Alfredo Culleton, vice-presidente da Société Internationale Pour L’Étude de La Philosophie Médiévale – SIEPM; João Vila-Chã, professor na Pontifícia Universidade Gregoriana, Roma; Pedro Calafate, doutor em Filosofia pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. O dossiê foi publicado na revista IHU On-Line número 487, de 13-06-2016 .
Já em outubro, o destaque na programação são os debates em torno da bioética. Nos dias 17 e 18, será realizado o IX Colóquio Internacional IHU. O Teorema Biopolítico da Bioética. A programação ainda está sendo fechada, mas, como preparação para esse IX Colóquio, o IHU promoverá quatro conferências como pré-evento. A primeira ocorre em 18 de maio com a Profa. Dra. Aline Albuquerque, da Universidade de Brasília – UNB. O tema da palestra é Interfaces do contexto biopolítico e os Direitos Humanos.
“O ObservaSinos aponta para o próximo ano um conjunto de oficinas que instrumentalizam o acesso e análise das realidades e das políticas públicas”, pontua a professora Marilene Maia, que coordena o Observatório da Realidade e das Políticas Públicas do Vale do Rio dos Sinos - Observasinos. “Estas oficinas são oferecidas às lideranças das comunidades, gestores e trabalhadores das políticas públicas, pesquisadores e estudantes e pretendem subsidiar o planejamento, monitoramento, avaliação e, especialmente, o controle social das políticas públicas dos municípios e região do Vale do Sinos”, completa.
A primeira atividade começa em 21 de março, com a abertura da 3ª Edição do Ciclo de Estudos: Saúde e segurança no trabalho na região do Vale do Rio dos Sinos. Além de conferências, o Ciclo é composto por oficinas que ocorrem ao longo do ano. Todas as atividades são realizadas em parceria com sindicato, Federação e Confederação dos Metalúrgicos. “No primeiro semestre a temática de aprofundamento será Saúde e Segurança no trabalho. No segundo semestre a temática versará sobre os desafios e possibilidades do Trabalho na contemporaneidade”, detalha Marilene.
A partir de março o ObservaSinos retoma as oficinas em parceria com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. O objetivo é dar dicas sobre as entradas possíveis nos dados disponibilizados pelo IBGE. E a programação segue em abril com mais oficinas.
A professora Marilene ainda lembra que para os primeiros meses de 2017 já está sendo fechada a programação da Ecofeira Unisinos. Além da comercialização de produtos orgânicos dentro do Campus São Leopoldo, haverá diversas atividades culturais e oficinas educativas sobre o tema.
Em 2017, o IHU segue com seu espaço para conferências, debates e reflexões sempre às quintas-feiras, às 17h30min, na Sala Ignacio Ellacuría e Companheiros, no IHU do Campus São Leopoldo da Unisinos. Clique aqui e confira a programação das primeiras palestras do ano.
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Biomas brasileiros, crise política, as metrópoles e suas periferias, Agamben, Thoreau e Suárez em debate no IHU em 2017 - Instituto Humanitas Unisinos - IHU