06 Janeiro 2017
Um vídeo começou a circular nas redes sociais na tarde desta quinta-feira (5) mostrando três homens agredindo um rapaz em situação de rua. Em 37 segundos, os três agressores, vestidos de preto, com cassetetes em mãos, se aproximam do homem sentado na calçada e começam a desferir golpes e chutes contra ele. O episódio ocorreu no dia 31 de dezembro, perto das 17h, em frente ao supermercado Zaffari localizado na Avenida Cristóvão Colombo, no bairro Floresta, em Porto Alegre.
A reportagem é de Fernanda Canofre, publicada por Sul21, 05-01-2017.
O homem que aparece nas imagens é conhecido por moradores da região como “Alemão”. Ele estaria sempre na região da Cristóvão Colombo. Uma equipe da Fundação de Assistência Social e Cidadania (Fasc) foi atrás dele, nesta quinta, para ouvi-lo sobre o ocorrido. Segundo a Fasc, ele disse ter 25 anos, ser natural de Viamão e que estaria em situação de rua há algum tempo.
“Alemão” teria ainda recusado qualquer ajuda relacionada ao episódio “alegando medo de represália, pois diz que é conhecido na região e bem acolhido pela comunidade”, segundo nota da fundação.
Depois de viralizar nas redes, o caso passou a ser investigado pela Polícia Civil nesta quinta. Geralmente, casos de lesão corporal precisam de representação por parte da vítima para que possa haver abertura de inquérito. As imagens do vídeo, no entanto, possibilitaram que a autoridade policial abrisse procedimento investigatório de ofício por crime de ação pública condicionada. A polícia pode assim investigar o caso, antes de contatar a vítima.
“Todo mundo conhece ali o tal de Alemão. Alguns dizem que ele praticava pequenos furtos na redondeza, outros dizem que ele praticava ameaças, principalmente a pessoas idosas. Outros dizem que não, que ele não incomodava ninguém. São informações muito esparsas e contraditórias. Mas o fato é esse, existe uma pessoa e vamos buscá-la para apurar. Só depois vamos saber se vai ter representação por parte dessa pessoa”, explicou o delegado responsável pelo caso, Hilton Rodrigues.
Segundo o delegado, todas as informações que têm circulado nas redes sociais serão apuradas pela polícia. Uma delas fala que os agressores seriam seguranças na igreja Assembleia de Deus, localizada a poucos metros do supermercado. A informação foi confirmada pela empresa Securiclean, de Santa Maria, responsável pelo contrato dos trabalhadores.
Em entrevista ao Sul21, o responsável pela empresa, Bráulio Freitas, diz que só tomou conhecimento do episódio através do vídeo que circula nas redes sociais e que está “chocado” com o que aconteceu. “A gente precisa ver que medidas vai tomar com relação aos trabalhadores. As imagens são fortes e são bem claras”, afirma.
Freitas confirma que alguns dias antes da agressão teria ocorrido um furto na igreja, porém não há confirmação de que o homem agredido no vídeo tenha qualquer ligação com o ocorrido. “Tudo isso precisa ser elucidado, mas de forma alguma essa é a maneira como deve ser tratada uma questão destas. Se este furto realmente ocorreu, tem que ser comunicado à Brigada Militar, à Polícia Civil e fornecidas as imagens, para que as autoridades tomem as providências. Nunca o pessoal tomar as providências diretamente”, explica ele.
A Cia. Zaffari emitiu nota para esclarecer que nenhuma das pessoas envolvidas no episódio são funcionárias da empresa e que “repudia qualquer ato de violência”. O grupo afirma ainda que entrou em contato com a Brigada Militar para comunicar a ocorrência. O 9º Batalhão da BM, porém, responsável pela região, diz que recebeu o comunicado de que uma pessoa estaria sendo agredida, mas quando os policiais chegaram ao local não havia mais ninguém, nem informações sobre vítima ou autores.
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Agredido em vídeo, homem em situação de rua recusa ajuda por medo de represálias - Instituto Humanitas Unisinos - IHU