Por: João Flores da Cunha | 02 Novembro 2016
A ex-presidenta da Argentina Cristina Fernández de Kirchner denunciou ser vítima de “uma manobra formidável de perseguição política” após depor à Justiça no dia 31-10. Ela é investigada em um caso de supostas fraudes cometidas em licitações de obras públicas durante o seu governo (2007-2015) e o de seu antecessor, seu marido Néstor Kirchner (2003-2007).
A investigação gira em torno do empresário Lázaro Báez. Próximo do kirchnerismo, ele ganhou o direito a realizar diversas obras públicas na província natal dos Kircher – Santa Cruz, na Patagônia – no período em que eles estiveram à frente do governo federal. O empresário teria sido responsável por 80% das obras feitas na província nesse período. Báez está preso desde abril deste ano por lavagem de dinheiro.
O crime pelo qual os promotores acusam Cristina é o de associação ilícita; ela faria parte de um esquema entre sua família e Báez de enriquecimento ao custo dos cofres públicos. Seus advogados pediram a anulação da denúncia. Esta é a segunda vez em que ela é intimidada a depor à Justiça.
Em declarações à imprensa após seu depoimento, Kirchner afirmou que o processo “não é original”, e que se trata de algo que já ocorreu a “nível regional”. Ela se comparou ao ex-presidente do Brasil Luiz Inácio Lula da Silva, que é réu em três ações da Justiça Federal. Assim como ocorre no Brasil, onde se discute uma eventual prisão de Lula pela Lava-Jato, na Argentina fala-se de uma possível detenção de Cristina, que poderia ocorrer a qualquer momento.
A ex-presidenta também fez críticas ao atual governo, de Mauricio Macri, que seria responsável por um “desastre sócio-econômico”, de acordo com ela. Em referência ao depoimento de Cristina, Macri afirmou que “os argentinos queremos que não haja mais impunidade”, e que “se saiba o que ocorreu ao redor das denúncias que existem”.
Kirchner foi apoiada por milhares de militantes, que compareceram ao tribunal onde ela depôs e se manifestaram em seu favor. Entre os grupos presentes, estavam as Mães da Praça de Maio, organização que recebeu apoio dos governos kirchneristas.
Estas fotos también son de hoy. pic.twitter.com/gqNsX9Sprj
— Cristina Kirchner (@CFKArgentina) 1 de novembro de 2016
Cristina pediu que sejam feitas investigações sobre todas as obras realizadas pelo governo. Ela não está afastada da política partidária, e especula-se que possa se candidatar ao Parlamento nacional em 2017.
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Cristina Kirchner denuncia ser vítima de perseguição política - Instituto Humanitas Unisinos - IHU