22 Agosto 2016
O pequeno Omran e o seu rosto triste, ferido e atônito, talvez, um dia, vai contribuir para desencadear a trégua em Aleppo, invocada pelo enviado especial da ONU. O pequeno está salvo, assim como também deve estar a irmãzinha de 11 anos, que estava com ele na ambulância, na foto que girou o mundo. Mas um terceiro irmão, Ali, 10 anos, atingido durante o mesmo bombardeio, não conseguiu. Ele não sobreviveu aos ferimentos causados pelas bombas que caíram sobre a sua casa, e que os rebeldes atribuem aos ataque russos, embora Moscou desminta toda responsabilidade, porque "os ataques russos nunca têm civis como objetivo", falando de "uso cínico de alguns meios de comunicação ocidentais dessa tragédia".
A reportagem é do jornal La Repubblica, 20-08-2016. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Quem tornou conhecida a morte do menino foi o autor da foto, Mahmoud Rislan, que acrescentou que o pequeno morreu no mesmo hospital de Aleppo onde Omran estava hospitalizado. O pai dos meninos teria confirmado a morte.
E os bombardeios continuam sem parar, apesar do apelo do enviado da ONU, Staffan De Mistura. Fontes dos rebeldes em Aleppo afirmaram que sete membros de uma família, incluindo seis crianças, morreram nesse sábado em um bombardeio aéreo em uma área da cidade nas mãos dos insurgentes. O comitê de coordenação das forças rebeldes, citado pelo site Middle East Eye, disse que os mortos são a esposa e os seis filhos de um ativista local da oposição, Ali Abu al-Jawd. A casa se encontrava no distrito de Al-Jalum, na parte antiga da cidade. Al-Jawd, acrescentaram as fontes, não estava em casa no momento do ataque.
E são mais de 333 os civis mortos em três semanas de bombardeios devastadores em Aleppo. O relato é do Observatório Sírio para os Direitos Humanos, acrescentando que destes, 165, incluindo 49 crianças, morreram nos bairros ocidentais da cidade, enquanto outros 168 foram mortos nos bombardeios das forças do regime e nos ataques russos nos bairros orientais.
"Aleppo é o símbolo do horror dessa interminável guerra de cinco anos", uma cidade que, antes da eclosão do conflito, era "absolutamente maravilhosa, rica em mesquitas e em igrejas de todas as confissões presentes na região." Hoje, no entanto, "quem fala lá são as bombas, os foguetes, as bombas de gás, os franco-atiradores e os morteiros". Foi assim que De Mistura descreveu a situação da cidade, às margens do Meeting do Comunhão e Libertação em Rimini.
"Há 300 mil pessoas na zona leste, talvez um milhão e 600 mil na zona oeste. A zona leste está realmente sitiada, porque a estrada de Castello está bloqueada há mais de duas semanas. Falta comida, faltam medicamentos, e há problemas de água, porque até mesmo o combustível não chegou. Estamos trabalhando para trazer de volta os comboios humanitários, de ambos os lados."
No dia 18 agosto passado, foi o próprio De Mistura que anunciou que a ONU devia suspender a chegada das ajudas à população da cidade martirizada e pediu um cessar-fogo humanitário de pelo menos 48 horas. E a União Europeia tinha pedido o fim imediato dos ataques contra os civis e os ataques "excessivos e desproporcionais" por parte do regime sírio aliado com os russos.
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Síria: morre Ali, 10 anos, irmão de Omran, ícone dos massacres de Aleppo - Instituto Humanitas Unisinos - IHU