Por: André | 01 Julho 2016
Em um mundo globalizado, no qual as novas formas de pobreza materiais e espirituais se multiplicaram, pede-se que os cristãos “estejam alertas como sentinelas, para que não aconteça que, diante das pobrezas produzidas pela cultura do bem-estar”, caiam na indiferença. As palavras são do Papa Francisco e foram pronunciadas durante a última Audiência extraordinária jubilar antes do recesso de verão, na qual destacou que “as obras de misericórdia não são temas teóricos, mas testemunhos concretos”.
A reportagem é de Iacopo Scaramuzzi e publicada por Vatican Insider, 30-06-2016. A tradução é de André Langer.
Francisco também fez um apelo pelas famílias que sofrem com a falta de trabalho e com a precariedade. O Pontífice recordou sua recente viagem à Armênia e disse aos fiéis que em setembro viajará, como parte da sua viagem ao Cáucaso, à Geórgia e ao Azerbaijão, para impulsionar, entre outras coisas, “esperanças e caminhos de paz”.
“Quantas vezes – disse o Papa – durante estes primeiros meses do Jubileu, ouvimos falar das obras de misericórdia! Hoje, o Senhor nos convida a fazer um sério exame de consciência. Fará bem, de fato, não esquecer nunca que a misericórdia não é uma palavra abstrata, mas um estilo de vida. Uma coisa é falar de misericórdia, outra é viver a misericórdia”.
O que dá vida à misericórdia, explicou o Papa, “é seu constante dinamismo para ir ao encontro das necessidades de todos os que vivem mal-estar espiritual e material. A misericórdia tem olhos para ver, ouvidos para escutar, mãos para ajudar. A vida cotidiana nos permite tocar com a mão muitas das exigências que afetam os mais pobres e sofridos. Pede-se a nós essa atenção particular que nos leva a nos dar conta do estado de sofrimento e da necessidade em que se encontram tantos irmãos e irmãs”.
“Às vezes, prosseguiu o Papa, passamos diante de situações dramáticas de pobreza e parece que estas não nos tocam; tudo continua como se nada fosse, numa indiferença que, ao final, nos torna hipócritas e, sem perceber, acaba numa forma de letargia espiritual em que o ânimo se torna insensível e a vida, estéril. Mas tem gente que passa toda a vida sem nunca perceber as necessidades dos outros, sem ver todas as necessidades espirituais e materiais. São pessoas que passam sem viver, que não servem os outros. Lembrem-se bem: quem não vive para servir, não serve para viver”. Francisco acrescentou: “Quem experimentou na própria vida a misericórdia do Pai não pode permanecer insensível diante das necessidades dos irmãos”.
Além disso, o Papa Bergoglio convidou para pensar em quantos são os aspectos da misericórdia de Deus para conosco mesmos, e acrescentou que a causa das mudanças de nosso mundo globalizado, alguns tipos de pobreza, materiais e espirituais, se multiplicaram. Por esta razão, exortou para dar espaço à criatividade da caridade para personalizar as novas modalidades operacionais. Deste modo, indicou o Papa ao concluir a catequese, a via da misericórdia será cada vez mais concreta, motivo pelo qual se pede a nós para que permaneçamos vigilantes como sentinelas para que, diante das pobrezas produzidas pela cultura do bem-estar, o olhar do cristão não se enfraqueça e se torne incapaz de ver o essencial.
Por último, o Pontífice recordou sua viagem apostólica à Armênia, o primeiro país a abraçar o cristianismo e que fez de 24 a 26 de junho: “Dou graças ao Senhor pela minha recente viagem à Armênia. Agradeço ao presidente da República, ao Catholicos Karekin II, ao Patriarca e aos Bispos católicos e a todo o povo armênio por me acolher como peregrino de fraternidade e de paz. Se Deus quiser, dentro de três meses, viajarei à Geórgia e ao Azerbaijão. Decidi visitar estes países da região do Cáucaso para apreciar suas antigas raízes cristãs e encorajar a esperança e os caminhos de paz”.
O Papa deu também a bênção à estátua de Nossa Senhora da Flor, trazida pelos fiéis de Acquapendente e saudou as religiosas da União das Superioras Maiores da Itália. Depois, saudou especialmente a Associação dos Conselheiros do Trabalho, que iniciam, no dia de hoje, quinta-feira, seu Festival do Trabalho. Para eles foi o alento do Santo Padre para que promovam “a cultura do trabalho que assegura a dignidade da pessoa humana e bem comum da sociedade, a partir da sua célula, a família”.
“É precisamente a família – enfatizou o Papa – que sofre mais as consequências de um mau trabalho: mau por sua escassez e por sua precariedade”. “Vocês, conselheiros do trabalho – prosseguiu o Bispo de Roma –, não têm uma tarefa assistencial, mas de promoção, para que no âmbito nacional e europeu as instituições e os agentes econômicos persigam, de modo concertado, o objetivo da plena e digna ocupação”.
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Devemos estar atentos às novas pobrezas do bem-estar, alerta o Papa - Instituto Humanitas Unisinos - IHU