26 Abril 2016
O Papa Francisco levou ao Vaticano vinte sírios de Lesbos, o cardeal Dionigi Tettamanzi acolheu em sua casa vinte nigerianos. Hospeda-os na grande e suntuosa Villa Sacro Cuore em Triuggio, em Brianza, a poucos quilômetros de distância da igualmente suntuosa vila de Macherio, moradia da família de Berlusconi. O cardeal vive na grande Villa oitocentista junto a outros sacerdotes, em retiro espiritual após os dez anos transcorridos como bispo em Milão e os anos transcorridos como guia da Diocese de Gênova e de Ósimo. O arcebispo emérito de Milão – que tem atualmente 82 anos, mas ainda colabora em diversas comissões vaticanas sobre a família e a bioética – está em Triuggio há aproximadamente sete anos, isto é, desde quando se aposentou e ali participa das atividades do centro espiritual que recebe continuamente comitivas de peregrinos para encontros de meditação e de prece.
A reportagem é de Zita Dazzi, publicada por Repubblica, 25-04-2016. A tradução é de Benno Dischinger.
“Os nossos vinte refugiados são quase todos muçulmanos, mas entre eles há alguns cristãos metodistas. Todos eles estão muito bem adaptados à vida que temos aqui no centro espiritual, conta dom Luigi Bandera, diretor da Vila e estrito colaborador do cardeal Tettamanzi. – Decidimos acolhê-los após o apelo do Papa Francisco e do cardeal de Milão Angelo Scola, os quais se dirigiram às paróquias e aos centros religiosos, convidando-os a abrirem as portas aos migrantes. Nós o fizemos atualmente por diversas semanas e está tudo andando muitíssimo bem”. Os refugiados são todos homens entre os 18 e os 47 anos, habitam nos apartamentos do lado oeste da vila, que surge no alto de uma colina imersa no verde, com uma vista empolgante. Em Triuggio os solicitantes de asilo dão uma mão aos religiosos e colaboram voluntariamente na limpeza para manter em ordem a grande Vila, que tem diversos séculos de história às costas. Na Vila – que é também um monumento histórico vinculado às Belas Artes – há muitos afrescos, estátuas, um grande jardim à inglesa, quadros e outras obras de arte preciosas no interior da igreja, onde todos os dias celebra a missa o cardeal Tettamanzi.
Os migrantes não são pagos porque não o permite sua permissão de estadia provisória, à espera da resposta à solicitação de asilo apresentada às autoridades italianas. A prefeitura de Monza provê às pequenas despesas de cada refugiado com uma cota de 80 euros ao mês; à manutenção e alojamento provê a Villa, com os fundos da Diocese ambrosiana. Os voluntários da Caritas de Triuggio e de outros centros da Brianza estão empenhados nos cursos de italiano e de orientação profissional para os migrantes. Também os levaram a conhecer várias realidades artesanais da região, na esperança de que a solicitação de asilo seja acolhida e que possam num futuro aceitar qualquer trabalho de empresas do território. Os de Triuggio são somente um pequeno grupo dos aproximadamente mil prófugos hospedados em paróquias e conventos da Diocese Ambrosiana, no plano de acolhida difusa desejado pela Cúria, após a solicitação do Papa Francisco.
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Brianza, o cardeal Tettamanzi como o Papa Francisco: hospeda vinte prófugos em sua moradia religiosa - Instituto Humanitas Unisinos - IHU