Por: André | 09 Novembro 2015
No quinto dia, ele falou. Lucio Ángel Vallejo Balda, o padre espanhol preso pela Gendarmeria vaticana acusado pelo vazamento de documentos da Santa Sé e a divulgação de gravações ilegais do Papa Francisco, decidiu colaborar com o promotor de justiça do caso, Gian Piero Milano, e acusou Francesca Chaouqui de estar por trás do envio da documentação aos jornalistas Gianluiggi e Emiliano Fittipaldi.
A reportagem é de Jesús Bastante e publicada por Religión Digital, 07-11-2015. A tradução é de André Langer.
Encontra-se em uma situação difícil não apenas a Francesca – detida em um primeiro momento, mas posta em liberdade na manhã seguinte por não ser funcionária do Vaticano e, especialmente, dado a sua gravidez –, mas também, como adiantou Religión Digital, seu marido, Corrado Lanino. Ambos estão sendo investigados pela Promotoria de Terni em um caso de “extorsão e invasão informática” que poderia ter relações com o já conhecido como Vatileaks 2.0, e que também poderia salpicar no ainda presidente do Pontifício Conselho para a Família, Vincenzo Paglia.
A tese que está ganhando mais força aponta para Francesca como a instigadora da trama – desconhece-se até agora quem mais poderia estar por trás, embora fontes vaticanas não descartem nenhuma hipótese – e que fez contato com os jornalistas. Seu nome já apareceu na investigação do primeiro Vatileaks, dada a sua amizade com Nuzzi.
Lanino, por sua vez, trabalhava até o começo do escândalo para a Fundação Santa Lúcia de Roma, um organismo vinculado à Santa Sé, sendo o responsável pelo terceiro nível de segurança do sistema de comunicações vaticanas, conhecido como “Arcanjo Gabriel”. O nível pirateado é o segundo, ou “Arcanjo Rafael”, ao passo que o nível mais alto – que não sofreu violações – é o “Arcanjo Miguel”.
A responsabilidade de Balda – que poderia ter pagado sua excessiva eloquência, sua frustração profissional e, seguramente, os efeitos de sua estreita relação com a Chaouqui –, no entanto, estaria centrada não tanto no vazamento em si, quanto na gravação das reuniões e dos encontros com o Papa Francisco, crimes pelos quais poderia ser condenado a uma pena de entre 4 e 8 anos de prisão.
Em todo o caso, parece que as provas contra Chaouqui e Balda são claríssimas, ao ponto de algumas fontes destacarem que ambos poderiam ter confessado alguns dos crimes durante os sucessivos interrogatórios.
A investigação posta em marcha pela promotora Elizabeth Massini em Terni sobre a rede de relações de Francesca Chaouqui e seu marido aponta para chantagem e extorsão praticadas pelos últimos em base a documentos roubados dos computadores vaticanos.
Os crimes alegados são extorsão e invasão de computadores em um contexto similar ao que levou à prisão de Lucio Ángel Vallejo Balda e da própria Francesca Chaouqui, e que poderiam afetar tanto a vida privada das pessoas, assim como procedimentos sensíveis da Santa Sé.
A advogada do padre espanhol, Carmen Rosales, por sua vez, disse que Balda “não está atrás das grades”, encontra-se em uma residência adaptada à sua categoria, dentro do Vaticano, goza de relativa liberdade e ainda não foi informado sobre as acusações que pesam sobre ele.
Em declarações à Efe, a advogada explicou que Vallejo Balda está em uma “residência” na qual goza de certa liberdade ao poder passear e está sendo “tratado muito bem”, como “seu cargo merece”, disse.
Vallejo Balda “neste momento está sereno e tranquilo”, acrescentou Rosales. “Não se encontra em nenhuma cela”, garantiu a advogada, que precisou que o padre pode telefonar para sua família ou receber visitas aprovadas pela magistratura vaticana, como aquela que recebeu, na sexta-feira, de um funcionário da embaixada espanhola.
Por isso, os advogados escolhidos por Vallejo Balda lamentam a imagem que se divulgou do monsenhor “entre grades” e, sobretudo, pontualizam, segundo a advogada peruana que se ocupa da parte “espanhola” do escritório, que enquanto não se souber do que está sendo acusado não é possível preparar uma defesa.
“Encontra-se particularmente agradecido pelas demonstrações de afeto que está recebendo da comunidade diplomática internacional e de alguns membros da aristocracia espanhola que querem mais clareza para uma pessoa conhecida por sua extrema ética e profissionalismo”, disse Rosales.
“Mas, ainda não foi informou do que está sendo acusado”, especificou a advogada sobre Vallejo Balda e disse também que espera que isto aconteça em breve.
No momento, o escritório de advogados que faz a defesa do padre espanhol preferiu manter a discrição aguardando ver quais são as acusações que pesam contra o seu cliente.
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Vallejo Balda quebra o silêncio e acusa Chaouqui e seu marido de estarem por trás dos vazamentos - Instituto Humanitas Unisinos - IHU