Por: Jonas | 11 Setembro 2015
O sacerdote jesuíta Felipe Berríos (foto) fez menção às correspondências eletrônicas, divulgadas entre o arcebispo de Santiago, Ricardo Ezzati, e o cardeal Francisco Javier Errázuriz, nas quais ambos planejavam uma maneira de impedir que ele se tornasse capelão do Palácio de La Moneda.
A reportagem é publicada por Reflexión y Liberación, 05-09-2015. A tradução é do Cepat.
Fonte: http://goo.gl/XcljWh |
“Estou muito triste com uma conversa assim entre cardeais, deveriam estar preocupados com outras coisas mais importantes, e não com este chilique de poder. Além disso, que tivessem aguardado, pois não me interessava ser capelão do Palácio de La Moneda, porque não tenho dedos para o piano e prefiro mais estar com as pessoas. Causa-me tristeza tal tipo de conversas e confabulações”, disse Berríos à rádio Cooperativa.
Ao mesmo tempo, afirmou que não se interessa em ler coisas que não são dirigidas a ele, que são e-mails pessoais.
“Sabia que vinha, mas o conteúdo é chilique e intriga interna dentro da Igreja”, acrescentou.
“Eu não me surpreendo. Não penso da mesma forma que o cardeal Errázuriz, nem como Ezzati. O que me aborrece é toda esta questão meio subterrânea na qual (Ángelo) Sodano colocou a Igreja, quando foi secretário de Estado, e restou toda esta questão de segredos e não me tornei padre para ficar nestas questões”, enfatizou o sacerdote.
Berríos questionou o modo como o meio de comunicação on-line “El Mostrador” divulgou a correspondência.
“É grave também. Não sei como conseguiram este e-mail privado. Por mais que eu não esteja de acordo com o que ambos dizem, acredito que a intimidade é algo que precisa ser respeitada, seja como for. Uma coisa é a transparência e outra coisa é que se intrometam em um e-mail privado”, apontou.
“Esta hierarquia próxima ao secretismo e toda esta palhaçada está caindo e é bom que caia e virá algo mais transparente, o que apresenta Francisco, o papa, uma coisa mais próxima ao Evangelho, com uma linguagem mais simples, mais direta, mas a queda é triste, é lenta e irá produzir muito dano”, concluiu.
Detalhes das correspondências entre os Cardeais
Na troca de mensagens eletrônicas, o arcebispo de Santiago, Ricardo Ezzati, demonstra sua preocupação ao cardeal Francisco Javier Errázuriz, em razão das afirmações do sacerdote Felipe Berríos em uma entrevista e expõe sua intenção de impedir que este seja nomeado capelão do Palácio de La Moneda.
“No Chile, estamos encerrando uma semana bastante complicada com a entrevista do Pe. Berríos a TVN. Uma hora de entrevista repleta de soberba e de afirmações contrárias ao Magistério da Igreja, utilizando o Santo Padre em um tom de profeta que denuncia a corrupção e a incoerência da Igreja”, afirma Ezzati, no dia 28 de junho de 2014.
“Estou preparando uma nota para evidenciar o Magistério da Igreja sobre os temas questionados pelo Pe. Berríos (...). Antecipei, [pois] suspeitava que o Governo o proporia como candidato a Capelão do Palácio de La Moneda, coisa que a estas alturas já é evidente”, adverte.
A respeito desse ponto, Errázuriz respondeu, no dia seguinte, que “antes de sair do Chile telefonei a E. Correa (Enrique Correa, conhecido lobista e dono de Imaginacción) para lhe dizer que se o governo nomeasse o personagem (Felipe Berríos) capelão do Palácio de La Moneda estaria fomentando um grande e desnecessário conflito, porque te obrigaria a rejeitá-lo, o que criaria sérias tensões entre o governo e a Igreja, e no interior da Igreja. Disse-me que transmitiria isto de imediato”.
E acrescenta que o pensamento de Berríos “é claro: Não sigam o Magistério, sigam-me, porque eu sou o profeta da Igreja do futuro, que acolherá de cheio a cultura do tempo atual”.
Sobre o caso Karadima, mencionam que Juan Carlos Cruz, uma das vítimas do pároco de El Bosque, seria nomeado membro da comissão pontifícia de prevenção de abusos sexuais.
“Espero que não seja assim, seria muito grave para a Igreja do Chile. Significaria, entre outras coisas, dar crédito e abonar uma construção que o Sr. Cruz arquitetou astutamente, após o Decreto da Congregação para a Doutrina da Fé, e para além dos elementos objetivos, dolorosos e vergonhosos condenados pelo mesmo Decreto e que respondem à verdade dos fatos. Espero que Você possa jogar luz sobre aqueles que tem a responsabilidade pela nomeação”, disse Ezzati.
É por isso que Errázuriz lhe assegura que é necessário advertir o presidente da Conferência Episcopal Inglesa sobre “o grave dano que causará esse convite”. “É uma contradição convidar Carlos Cruz, que falseará a verdade, para que os bispos obtenham uma boa informação. No mais, como o convidam e não convidam também quem apresente as coisas do nosso ponto de vista? Por outro lado, ele utilizará o convite para continuar prejudicando a Igreja”, insiste.
E Errázuriz acrescenta que “eu poderia preparar uma breve relação sobre as etapas da denúncia do Sr. Carlos Cruz, que foi bem e prontamente atendida, desde que a apresentou formalmente. Arriba os corações! Líamos ontem, domingo: a Serpente não prevalece”.
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“Estou muito triste com uma conversa assim entre cardeais”, afirma sacerdote jesuíta chileno - Instituto Humanitas Unisinos - IHU