01 Setembro 2015
Na maior manifestação já realizada na Guatemala, mais de 100 mil pessoas, segundo os manifestantes, foram às ruas nesta quinta-feira (27/08) na capital, e mais milhares se concentraram em diversos estados do país para protestar contra o presidente Otto Pérez Molina, acusado de envolvimento em uma rede de corrupção. A estimativa feita pela polícia de trânsito, no entanto, é de aproximadamente 180 mil.
A reportagem foi publicada por Opera Mundi, 28-08-2015.
Sindicatos, estudantes, trabalhadores rurais, organizações indígenas e comerciantes participaram da greve geral realizada nesta quinta no país, que contou também com o fechamento do comércio na capital e paralisação de diversas atividades e estradas. A palavra de ordem dos manifestantes foi “nós não temos presidente”. Eles pedem a renúncia de Molina.
Molina afirmou, no entanto, que enfrentará o processo de retirada de sua imunidade “porque não tem nada a esconder” e ressaltou que não irá renunciar. Também nesta sexta, a ex-vice-presidente do país Roxana Baldetti foi enviada para uma prisão de mulheres na Cidade da Guatemala.
Estado de direito
Simultaneamente à manifestação, o Congresso, onde Molina tem maioria, votou contra a petição para quebrar a imunidade do presidente, impedindo que o mesmo seja investigado pelos casos de corrupção que envolvem pessoas próximas a ele.
O Congresso decidiu, porém, pela criação de uma comissão de cinco deputados que terá até dia 31 de agosto para entregar um parecer sobre a quebra da imunidade do mandatário.
Nesta sexta (28/08), a Celac (Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos) pediu que os guatemaltecos busquem um diálogo baseado no respeito e na ordem constitucional e ao Estado de direito para enfrentar a crise no país.
Em comunicado divulgado hoje, a Celac ressaltou o compromisso com a democracia e ressaltou a importância da realização das eleições previstas para 6 de setembro de forma “livre e transparente”.
Casos de corrupção
A Procuradoria Geral da Guatemala recomendou na última quarta-feira (26/08) que Molina renuncie para evitar a "ingovernabilidade" do país.
O presidente foi acusado na última semana pelo Ministério Público e pela CICIG (Comissão Internacional Contra a Impunidade na Guatemala) de liderar uma rede de corrupção junto com Baldetti.
O esquema funcionava como uma rede clandestina dentro do órgão arrecadador de impostos e tinha a cumplicidade de pelo menos 49 pessoas - 28 delas já detidas.
Os chefes dos bancos da Central da Guatemala, Julio Suárez, e do Seguro Social, o militar Juan de Dios Rodríguez, próximo a Molina, também foram presos pelo superfaturamento de um contrato de US$ 15 milhões na compra de medicamentos.
Além disso, em julho, Gustavo Martínez, genro de Molina e ex-secretário geral da presidência, foi detido por suposto envolvimento em tráfico de influência para favorecer uma empresa de energia.
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Com mais de 100 mil nas ruas, Guatemala tem maior protesto da história do país; Celac pede diálogo - Instituto Humanitas Unisinos - IHU