01 Junho 2015
“Reconduzir à matriz e à motivação originária a posse dos bens econômicos por parte da Igreja”. A afirmação de Núncio Galantino, secretário geral da CEI e próximo a Francisco, capta o essencial da revolução do IOR desejada pelo Papa. Além das cifras são reveladoras as decisões, como aquela comentada por Galantino: Francisco, após as intensas dúvidas da comissão cardinalícia de vigilância, decidiu rejeitar uma sociedade de “investimento a capital variável”, que o conselho laico do Ior havia deliberado instituir em Luxemburgo. Operação quem sabe sensata, para um banco de negócios. Mas, o Ior não é um banco de negócios, nem o deve ser. Se no final permaneceu, não obstante muitos sugerissem o fechamento, foi para manter as missões da Igreja no mundo, pobres, escolas, hospitais, se repete no Vaticano.
O Ior deve ser o que significa o seu nome: Instituto para as obras de religião. “Não tem o objetivo de acumular riqueza, mas de servir honesta e fielmente à missão universal da Igreja: ajudar aqueles que trabalham nas vinhas do Senhor para manter, instruir, curar e difundir o Evangelho”, escreve o prelado do Ior, Giovanni Battista Ricca, apresentando o relatório 2014. Dados que confirmam a operação limpeza: foram fechados 4.614 relatórios, mais de 23%, dos quais 3.154 sob a iniciativa do Instituto: “2.600 “dormentes” e 554 “laicos”. O capital útil sobe a 69,3 milhões, 14,3 de “reserva” e os outros 55 passados à Santa Sé para a sua missão”. Francisco o dizia em Santa Marta: “As riquezas são para o bem comum, para todos”, pois de outro modo “geram corrupção”.
A reportagem é de Gian Guido Vecchi, publicada no jornal Corriere della Sera, 26-05-2015. A tradução é de Benno Dischinger.
O caso
O Papa dos pobres, no estilo franciscano, aquele que prega cada dia contra as riquezas não compartilhadas “visto que geram somente corrupção”, como pôs em guarda também ontem de manhã na missa em Santa Marta, a dois anos do anúncio de bonificar o Ior, festeja os primeiros resultados positivos. E que resultados. O balancete do banco, após um pesado declínio de úteis registrado no ano passado, fechou 2014 com um resultado limpo de 69,3 milhões de euros. Dinheiro que servirá para financiar projetos humanitários, como fazem saber além Tibre. Não só. Com a operação limpeza contas suspeitas ou não pertinentes aos critérios estabelecidos (para ser titular é preciso ser empregados, embaixadores acreditados, eclesiásticos ou entidades religiosas coligadas à Santa Sé) foram fechadas. No total são 4.614 as contas eliminadas. O Relatório anual recém publicado reivindica, ademais, a adequação do Instituto às novas normativas vaticanas em matéria de transparência financeira, bem como ao “grande empenho” profuso “no enfrentamento dos ilícitos” do passado.
Objetivos
“A melhora dos resultados é imputável essencialmente ao andamento do resultado da negociação de títulos e à diminuição dos custos operacionais da natureza extraordinária”, explicam os managers. No ano passado o Ior – conduzido até 9 de julho por von Freyberg e agora por De Fransu – tivera um útil líquido de ‘somente’ 2,9 milhões de euros, praticamente 83 milhões a menos em relação a 2012. Segundo quanto foi ilustrado, a 31 de dezembro de 2014 o patrimônio líquido do Ior era igual a 695 milhões de euros (720 em 2013). De Fransu levou a termo os trabalhos já iniciados, especialmente no front da anti-reciclagem e do monitoramento dos usuários. Uma missão sem saída. Além disso, foram renovadas e reforçadas as interações com as autoridades fiscais “no mundo a fim de por termo ao uso impróprio que tem sido feito do Instituto no passado”. Como dizer que a era Marcinkus se pode considerar arquivada.
Gestão
O caminho de limpeza não terminou. O presidente do Conselho de superintendência especifica que “o plano de transformação do Instituto” está “ainda em andamento”. O que significa “tornar menos arriscadas as atividades desenvolvidas” já que “uma utilização insatisfatória poderia se desenvolver alhures, limitando assim a capacidade do Ior de contribuir às finanças da Santa Sé”. Tantas ordens religiosas titulares de contas correntes substanciosas têm expressado o desejo de “desenvolver soluções de poupança gerida, em lugar da oferta de simples depósitos”.
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O não do Papa ao Ior sobre a operação externa. Não negócios, mas caridade - Instituto Humanitas Unisinos - IHU