Por: André | 12 Fevereiro 2015
O cardeal estadunidense Raymond Burke (foto) é representativo das posições mais conservadoras na cúpula da Igreja e foi o principal porta-voz da oposição a qualquer vislumbre de flexibilização para as pessoas divorciadas recasadas e mais ainda para os homossexuais, durante o Sínodo sobre a Família, convocado pelo Papa Francisco, que terá uma segunda etapa este ano.
Fonte: http://bit.ly/1FzHthp |
A reportagem é publicada pelo sítio argentino Valores Religiosos, 11-02-2015. A tradução é de André Langer.
Grande especialista em Direito Canônico, Burke, de 66 anos, era desde 2009 o prefeito do Supremo Tribunal da Assinatura Apostólica, cargo para o qual foi nomeado por Bento XVI. Foi também Ratzinger quem o fez cardeal, em novembro de 2010.
Burke foi um dos poucos membros da cúria que formulou comentários críticos à encíclica de Francisco, a Evangelii Gaudium. E, em dias anteriores ao Sínodo sobre a Família, colocou-se nas antípodas das posições do cardeal Walter Kasper, favorável à comunhão dos divorciados recasados.
Por esse tempo, veio a público a decisão de Francisco de não mantê-lo no poderoso cargo de prefeito da Soberana Ordem Militar de Malta, o que implica em ficar fora da cúria romana.
Embora Burke tenha completado o tempo de cinco anos previsto para os prefeitos da Assinatura Apostólica, sua remoção, no contexto das polêmicas geradas pelo Sínodo, levantou muitos rumores. No entanto, mesmo fora da cúria, Burke continua em Roma, e até com mais tempo livre e mais motivos para viajar e oportunidades para expressar suas opiniões.
É o que acaba de fazer agora, em uma breve entrevista concedida ao canal francês France2, na qual reitera sua oposição a qualquer abertura aos divorciados e aos gays e anuncia que, caso elas acontecerem, irá resistir. Na nota realizada pela televisão francesa, Burke declara-se admirador incondicional de Josef Ratzinger, o papa emérito, a quem qualifica de “mestre da fé”.
“Agora devo acostumar-me a um novo Papa”, acrescenta em tom pesaroso.
Fonte: http://bit.ly/1FzHthp |
Em outubro do ano passado, o Sínodo encontrou-o na primeira fila dos tradicionalistas e até criticando o Papa por sua condução da assembleia de bispos. Disse, por exemplo, que o Papa havia “feito muito mal” ao não declarar “abertamente qual é a sua posição” sobre os temas mais debatidos na Igreja. “O Papa, mais do que ninguém, como o pastor da Igreja universal, está obrigado a servir à verdade – disse Burke naquela ocasião. O Papa não é livre para mudar os ensinamentos da Igreja sobre a imoralidade dos atos homossexuais ou a indissolubilidade do matrimônio ou qualquer outra doutrina da fé”.
Na entrevista que concedeu agora reiterou esses conceitos. Disse que não podia “aceitar a comunhão a pessoas em união irregular, porque isso é adultério”.
E em relação às uniões do mesmo sexo, disse que “não têm nada a ver com o matrimônio”. Qualificou de “sofrimento de algumas pessoas”, o sentimento de “atração física de pessoas do mesmo sexo”.
À pergunta “Se o Papa persistir nesta direção, o que você fará?”, Burke respondeu: “Resistirei, não posso fazer outra coisa. Não há dúvida de que este é um tempo difícil”.
E consultado sobre se era um tempo “doloroso” e “preocupante”, respondeu “sim”.
“Para você, a Igreja está ameaçada enquanto instituição?”, foi outra pergunta. E Burke respondeu: “O Senhor nos assegurou, como disse a São Pedro no Evangelho, que as forças do mal não prevalecerão”.
Como apesar de tudo em seu escritório ostenta um retrato de Francisco, a última pergunta foi: “O Papa, de qualquer modo, é seu amigo?” Diante do que o cardeal sorriu e disse: “Certamente, não gostaria de fazer do Papa o meu inimigo”.
Fonte: http://bit.ly/1FzHthp |
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O cardeal Burke declara-se disposto a “resistir” ao Papa - Instituto Humanitas Unisinos - IHU