11 Julho 2014
Acabou a hegemonia italiana nos assuntos econômicos do Vaticano. Na apresentação do "novo quadro econômico" da Santa Sé, a imagem dos relatores fala por si.
A reportagem é de Marco Politi, publicada no jornal Il Fatto Quotidiano, 10-07-2014. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Australiano, o cardeal George Pell, "ministro da Economia" (prefeito da Secretaria para a Economia). Presidente cessante do IOR, Ernst von Freyberg, alemão. Neopresidente do IOR, Jean Baptiste de Franssu, francês. Joseph Zahra, vice-coordenador do Conselho para a Economia, maltês.
O desfile pode continuar. Espanhol, o cardeal Santos Abril y Castelló, presidente da comissão cardinalícia de supervisão do IOR. Maltês, Alfred Xuereb (secretário pessoal do papa), secretário-geral do Secretariado da Economia e também secretário do conselho de administração do IOR. Suíço, o diretor da Autoridade de Informação Financeira, René Bruelhart. Norte-americano, o responsável pelo combate à lavagem de dinheiro Mons. Brian Wells. Espanhol, o padre Fernando Vergez Álzaga, secretário-geral do Governatorato Vaticano. Fecha o círculo o cardeal alemão Reinhard Marx, coordenador do Conselho para a Economia.
O cardeal Pell explica sorrindo aos italianos que poderiam estar resmungando: "Somos a Igreja universal, não o vicariato de Roma". Em palavras simples, a ideia de que os assuntos econômicos são domínio reservado aos monsenhores e cardeais da Itália acabou para sempre.
No conselho de administração do IOR, entrará uma "personalidade italiana" renomada por experiência, mas que ainda deve ser encontrada.
Mesmo no campo da reorganização dos meios de comunicação vaticanos – tema secundário abordado nessa quarta-feira na coletiva de imprensa presidida pelo cardeal Pell –, a palavra passa para um não italiano. O comitê de reforma será liderado pelo britânico Christopher Patten, ex-presidente da BBC, chanceler da Universidade de Oxford, ex-governador de Hong Kong, ex-responsável pela comissão independente para monitorar o acordo de paz na Irlanda do Norte.
O cardeal Pell diz que a Rádio Vaticano alcança apenas 10% dos católicos no mundo. A ideia é de potencializar mais as novas mídias eletrônicas, os canais digitais, começando pelo Twitter de Francisco.
Evidencia-se o método do pontífice argentino. Criar comissões de alto nível de competência, que, em dez meses, apresentem relatórios detalhados e, depois, passar para a formação de novas estruturas operacionais. É provável que, uma vez definida no ano que vem a reforma da Cúria, outras competências serão transferidas para a gestão do Secretariado da Economia.
Por enquanto, permanece vaga a fisionomia do novo IOR. Não será mais um banco, mas sim instituto especializado para a "consultoria financeira e os serviços de pagamento", principalmente para o clero e para as organizações religiosas.
O novo presidente, De Franssu, promete "alta qualidade" nos serviços e a aplicação de "princípios éticos católicos em investimentos". Um ano para a verificação. O cardeal Pell garante: "Explicaremos regularmente o que estamos fazendo".
FECHAR
Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:
Francisco revoluciona o IOR e não nomeia italianos - Instituto Humanitas Unisinos - IHU