Por: Jonas | 13 Fevereiro 2014
Nas vésperas do primeiro aniversário da renúncia de Bento XVI, quando encontramos Skorka na sinagoga da comunidade rabínica Benei Tikvá, da qual é rabino há quase quarenta anos, ele refletiu sobre o Papa que deixou e aquele que o sucedeu. Para o primeiro, nutre uma respeitosa admiração, que foi crescendo à distância e se alimentando de leituras. Em relação ao segundo, uma afetuosa amizade fincada em alicerces de uma periódica presença. “Um grande gesto, uma lição de verdadeiro líder”, declara, referindo-se à denúncia de Ratzinger, que abriu caminho para seu amigo Bergoglio. E não deixa de observar que “muitos políticos deveriam aprender” com o Papa alemão. Assim como considera que tampouco o gesto revolucionário, realizado, será uma “matriz” para o futuro.
A reportagem é de Alver Metalli, publicada por Vatican Insider. A tradução é do Cepat.
Sabe muito bem que a sem renúncia de Ratzinger não teria ocorrido a eleição de Bergoglio, nem tantas outras coisas, como a viagem à sua pátria espiritual, prevista para maio, sobre a qual comentou desde o início. O rabino Skorka é prudente ao oferecer confirmações, mas, mesmo assim, seu sonho, o de acompanhar o Papa reinante na peregrinação à Terra Santa, define como uma “possibilidade” concreta.
Insiste na palavra peregrinação. “A primeira vez que falamos disso, usou-se exatamente esse termo”, recorda. Para depois acrescentar que “a viagem não deve ser politizada”. Quer, ao contrário, “contribuir para uma aproximação das duas partes. Tanto israelitas como palestinos possuem um elemento nacional e religioso. A ideia é que o Deus da paz possa ser invocado com palavras e com gestos que surjam do coração e não da força das armas”.
E, por esse motivo, declara “não entender” a frase atribuída ao rabino argentino Sergio Bergman (citada pela Agência judia de informação), que identifica na figura do papa Francisco o “Che Guevara dos palestinos” e na viagem um apoio “à luta e direitos” dos palestinos. “Se a pronunciou de verdade”, esclarece várias vezes. Uma frase “que não me agrada”, volta a dizer condicionando a sua veracidade, sobretudo porque entra em contradição com o que escreveu o próprio Bergman em seu blog. O rabino da Congregação Israelita argentina se dirige a Bergoglio chamando-lhe de “meu rabino”, “um mestre que me escutou, orientou, aconselhou sobre como viver minha vocação de servir, tanto ao Criador como as suas criaturas no desafio do bem comum”. Desafio ao qual Sergio Bergman responde das filas da Proposta Republicana, uma aliança de tendências liberal-conservadoras, encabeçada pelo atual chefe de governo de Buenos Aires, Mauricio Macri.
Abraham Skorka assinala que falou “com o Papa em particular”, razão pela qual está seguro de que a sua será “uma mensagem de paz, equilibrado, muito atento em não ferir nenhum tipo de sensibilidade. Será, sobretudo, uma peregrinação”, insiste. “Che Guevara teve grandes ideais de justiça social, de retidão, mas há um aspecto, o das armas, que não compartilho. Nós também queremos a justiça social para nossos povos, mas por meio do diálogo e de um caminho profundo de atitude. A história da humanidade nos ensina que todas as grandes revoluções, que se afirmaram com o derramamento de sangue, deixaram uma marca de ódio e, ao final, fracassaram. A revolução real é criar um homem novo”.
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A renúncia de Ratzinger foi “um grande gesto”, “uma lição de verdadeiro líder”, considera o rabino Skorka - Instituto Humanitas Unisinos - IHU