Por: Caroline | 09 Janeiro 2014
Na cidade do Cairo, há um ano, ocorria o Natal de Tawadros – o novo papa copto, recém-eleito na época. A data também era marcada pelo confronto estabelecido a distancia com o presidente islâmico Mohamed Morsi. Desde então, passaram-se doze duros meses para o Egito, com a volta do exército ao poder; as mortes durante a repressão às manifestações dos Irmãos Muçulmanos e as igrejas que, em diversas partes do país, ainda levam as marcas dos assaltos dos islamitas, ocorridos no último mês de agosto. É nesta atmosfera, suspensa entre o medo de novos surtos de violência e a esperança de que realmente se possa virar esta página, que a comunidade copta se preparou para celebrar o seu Natal, que caiu na terça-feira, dia 7 de janeiro.
A reportagem é de Giorgio Bernardelli, publicada por Vatican Insider, 06-01-2014. A tradução é do Cepat.
Fonte: http://goo.gl/06NLCj |
E foi justamente nos últimos dias que o grau de conflito entre o general Al-Sisi e os islamitas voltou a crescer perigosamente, após a decisão do governo que tornou oficialmente ilegal o movimento dos Irmãos Muçulmanos. Com o saldo de nove mortes nas ruas, o temor dos coptos permanece o mesmo: o de serem reconhecidos com um alvo fácil para a violência por parte de quem os considera “responsáveis” pelo golpe do Exército que – em meio aos protestos populares – depôs o presidente Morsi, que hoje encontra-se preso. Os militares prometeram reforçar as medidas de segurança entorno das igrejas durante o Natal; tanto o é que a festa será apenas uma semana antes da data do crucial referendo sobre a nova Constituição, nos dias 14 e 15 de janeiro. Nestes dias haverá uma votação sobre a alteração do texto no tocante a um dos itens mais discutidos, introduzidos pelos Irmãos Muçulmanos e que, agora, representam uma prova muito importante para o Egito pós-islâmico.
Os coptos são conscientes do que está em jogo neste momento. “Trazemos conosco a pesada e dolorosa herança do grande número de vítimas da violência – escreveu o editor-chefe da revista semanal cristã 'Watani', Joussef Sidhom, em seu editorial de natal -. Todavia não se trata de em um túnel sem saída, como foi o Egito sob o governo dos islamitas, mas de tentar escapar deste túnel para seguir em frente, mesmo com tantos terroristas ao redor, que continuam colocando obstáculos no caminho”.
A celebração natalina mais importante do Cairo, a liturgia da meia-noite, ocorrerá na catedral de São Marco, para a qual foram convidados o presidente interino do Egito, Adly Mansour, e o primeiro ministro Hazem el Beblawy. Já no dia 1 de janeiro o papa copto, Tawadros, recebeu a visita do Grand imam da universidade de al-Azhar, Ahmed al Tayyeb, que, juntamente a mufti Shawky Allam, transmitiram felicitações de Natal aos cristãos egípcios. Um gesto muito importante visto que a mesma al-Azhar é um terreno de confrontos crescentes entre sua liderança moderada e os simpatizantes dos Irmãos Muçulmanos.
“Pedimos a Deus que este ano seja realmente novo em cada coisa – disse Tawadros recebendo a Tayyeb -, cheio de paz para todo o Egito. Que Deus dê sabedoria às autoridades na gestão do país e paz a todos os povos”. A respeito da Constituição, que será votada em um referendo nos dias 14 e 15 de janeiro, o papa copto expressou o desejo de que “reflita a imagem do país que cada cidadão deseja”, acrescentando que os coptos “farão de tudo para que o Egito fique unido”.
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O natal dos Coptas, entre o medo e a esperança - Instituto Humanitas Unisinos - IHU