30 Julho 2012
O "Prêmio Ratzinger" será concedido neste ano a um filósofo francês e a um jesuíta dos Estados Unidos. Eis quem são e por que foram selecionados.
A análise é de Sandro Magister, publicada no sítio Chiesa, 27-07-2012. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Há grande expectativa sobre a entrega da segunda edição do "Prêmio Ratzinger", promovido pela Fundação Vaticana Joseph Ratzinger – Bento XVI.
O prêmio será conferido por Bento XVI no próximo dia 20 de outubro, durante o Sínodo dos Bispos sobre a "Nova Evangelização".
Os nomes dos vencedores – antecipamo-los abaixo – foram selecionados por um comitê científico presidido pelo cardeal Camillo Ruini (vigário-geral emérito de Roma e ex-presidente da Conferência Episcopal Italiana) e do qual fazem parte os cardeais italianos Tarcisio Bertone (salesiano, secretário de Estado) e Angelo Amato (salesiano, prefeito da Congregação para as Causas dos Santos), além dos arcebispos Jean-Louis Bruguès (dominicano francês, arquivista e bibliotecário da Santa Igreja Romana) e Francisco Ladaria Ferrer (jesuíta espanhol, secretário da Congregação para a Doutrina da Fé).
Este último, entrevistado pela Rádio do Vaticano, explicou que o "Prêmio Ratzinger" foi instituído pela Fundação "para estimular a reflexão teológica, principalmente nos campos mais cultivados por Joseph Ratzinger como teólogo, cardeal e agora papa: o campo da teologia fundamental, da história da teologia, especialmente a teologia patrística, o campo da exegese bíblica, mas também a teologia dogmática".
O arcebispo Ladaria também enunciou os critérios adotados para selecionar os candidatos: "O comitê científico buscar considerar diversos fatores: acima de tudo, o rigor teológico e a profundidade científica dos possíveis candidatos". Além disso, "busca-se ter também uma variedade de línguas, de culturas, assim nem todos os prêmios vão, por exemplo, para teólogos de língua inglesa, ou que todos sejam de língua italiana", de modo que "haja um equilíbrio entre as grandes línguas do mundo, dentre os grandes grupos católicos do mundo, para que – na medida do possível, embora isso nem sempre seja fácil – todos possam se sentir representados".
De fato – lembrou Ladaria –, "no ano passado, houve um italiano, um espanhol e um alemão", ou seja, o professor Manlio Simonetti, o padre Olegario González de Cardedal e o padre cisterciense Maximiliano Heim.
E, neste ano – acrescentou – "serão um francês e um norte-americano".
O secretário da Congregação para a Doutrina da Fé não indicou os nomes de premiados, sobre os quais ainda vigora uma reserva oficial.
Mas o francês a quem será conferido como prêmio aquele que foi definido – com exagero – o "Nobel da teologia" é o filósofo Rémi Brague.
Enquanto o norte-americano é o patrólogo Brian E. Daley.
Brague é professor de filosofia grega, romana e árabe na Sorbonne de Paris e na Ludwig-Maximilian Universität de Munique.
É um estudioso poliglota de vasta produção científica. Mas também é muito combativo nas polêmicas atuais contra os axiomas do "politicamente correto", tanto dos progressistas quanto dos "teocon". Por exemplo, em uma entrevista de 2004 à revista 30 Giorni (disponível aqui, em italiano).
Daley, jesuíta, é especialista nos Padres da Igreja. Leciona na Notre Dame University, de Indiana, e é consultor-editor da edição em inglês da revista teológica Communio, da qual Ratzinger foi cofundador.
Em 2003, ele publicou na revista progressista America, dos jesuítas de Nova York, um artigo contracorrente em que valorizava a prática da adoração eucarística (disponível aqui, em inglês).
Uma adoração que, então, havia caído largamente em desuso, mas que Ratzinger, como papa, está fazendo todo o possível para trazer novamente ao seu auge.
Uma curiosidade. No perfil do Pe. Daley que aparece no site da Notre Dame University é evidenciado o esporte que ele pratica "para se manter em forma": o boxe:
Como ainda na edição anterior do "Prêmio Ratzinger", também desta vez um dos premiados irá proferir uma lectio na presença do papa, na Sala Clementina do Palácio Apostólico.
Mas se prevê que o próprio Bento XVI irá tomar a palavra.
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Quem será o próximo Nobel da teologia - Instituto Humanitas Unisinos - IHU