Revoluções árabes no
Facebook, o
Twitter incomodando o Irã, a China invadindo e-mails do
Google. O universo digital vem andando de mãos dadas com a cena política mundial desde que as redes sociais se tornaram parte da rotina. Houve um tempo em que era comum querer saber qual era a utilidade desse tipo de serviço. Esse tempo passou.
O comentário é de
Alexandre Matias, jornalista, publicado no jornal
O Estado de S.Paulo, 12-08-2011.
Hoje, as redes sociais fazem parte da comunicação da maior parte dos moradores das grandes cidades. Popularizaram-se tanto quanto os telefones celulares. E por mais que tenham tentado rotular os levantes em Londres como "
a revolta BBM" - em referência ao programa de bate-papo dos celulares
BlackBerry, que foram usados pelos manifestantes para organizar ataques e fugir da polícia -, o que aconteceu na capital britânica não diz respeito apenas à mobilização online.
Como ocorreu antes nos países árabes, na
Espanha, no
Chile e até no
Brasil (não dá para dissociar o Churrascão da Gente Diferenciada ou as marchas que tomaram a Avenida Paulista este ano de suas intenções políticas), as mídias digitais foram utilizadas por ser populares. Se não fossem os celulares e as redes sociais, outras formas de comunicação os substituiriam. Ninguém chamou a
Revolução Iraniana, de 1979, de "o levante das fitas cassetes", ainda que essa mídia tivesse sido usada para mobilizar os cidadãos daquele país.
A tentativa do primeiro-ministro britânico,
David Cameron, de banir manifestantes das redes sociais para tentar conter os tumultos não condiz com a tradição democrática daquele país e lembra mais atos de Estados ditatoriais. É censura e controle. Primeiro, tira-se as redes sociais, depois, proíbe-se o uso de celulares e, em pouco tempo, confina-se todos em um gueto. Já vimos essa história.
Numa época em que o acesso à internet é defendido como um direito humano pela própria ONU, tal decisão soa autoritária e drástica. Uma vergonha para a tradição do país.
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Londres ameaça um direito humano, o acesso à internet - Instituto Humanitas Unisinos - IHU