15 Janeiro 2021
A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de João 1,35-42, que corresponde ao 2° Domingo do Tempo Comum, ciclo B do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.
Isto que eu vivo, é fé? Como se torna alguém mais crente? Que passos temos que dar? São perguntas que escuto frequentemente de pessoas que desejam fazer um percurso interior em direção a Jesus Cristo, mas que não sabem que caminho seguir. Cada um tem de escutar a sua própria chamada, mas a todos nós pode fazer bem recordar coisas essenciais.
Crer em Jesus Cristo não é ter uma opinião sobre ele. Falaram-me muitas vezes dele; talvez tenha lido algo sobre sua vida; atrai-me a sua personalidade; tenho uma ideia da sua mensagem. Não basta. Se quero viver uma nova experiência do que é acreditar em Cristo, tenho que mobilizar todo o meu mundo interior.
É muito importante não pensar em Cristo como alguém ausente e distante. Não ficarmos no «Menino de Belém», no «Mestre da Galileia» ou no «Crucificado do Calvário». Não o reduzir, tampouco, a uma ideia ou a um conceito. Cristo é uma «presença viva», alguém que está na nossa vida e com quem nos podemos comunicar na aventura de cada dia.
Não pretendas imitá-Lo rapidamente. Antes, é melhor penetrar numa compreensão mais íntima de sua pessoa. Deixarmo-nos seduzir pelo seu mistério. Capturar o Espírito que o faz viver de maneira tão humana. Intuir a força do Seu amor ao ser humano, sua paixão pela vida, sua ternura para com o débil, sua confiança total na salvação de Deus.
Um passo decisivo pode ser ler os evangelhos para procurar pessoalmente a verdade de Jesus. Não faz falta saber muito para entender sua mensagem. Não é necessário dominar as técnicas mais modernas de interpretação. O decisivo é ir ao fundo dessa vida a partir de minha própria experiência. Guardar suas palavras dentro do coração. Alimentar o gosto da vida com seu fogo.
Ler o evangelho não é exatamente encontrar «receitas» para viver. É outra coisa. É experimentar que, vivendo como ele, se pode viver de forma diferente, com liberdade e alegria interiores. Os primeiros cristãos viviam com esta ideia: ser cristão é «revestir-se de Cristo», reproduzir em nós sua vida. Isto é o essencial. Por isso, quando dois discípulos perguntam a Jesus: «Mestre, onde moras?, O que é viver para ti?», Ele responde-lhes: «Vinde e vereis».
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