A surpresa final

Foto: Unsplash

Mais Lidos

  • A ideologia da Vergonha e o clero do Brasil. Artigo de William Castilho Pereira

    LER MAIS
  • Juventude é atraída simbolicamente para a extrema-direita, afirma a cientista política

    Socialização política das juventudes é marcada mais por identidades e afetos do que por práticas deliberativas e cívicas. Entrevista especial com Patrícia Rocha

    LER MAIS
  • Que COP30 foi essa? Entre as mudanças climáticas e a gestão da barbárie. Artigo de Sérgio Barcellos e Gladson Fonseca

    LER MAIS

Revista ihu on-line

O veneno automático e infinito do ódio e suas atualizações no século XXI

Edição: 557

Leia mais

Um caleidoscópio chamado Rio Grande do Sul

Edição: 556

Leia mais

Entre códigos e consciência: desafios da IA

Edição: 555

Leia mais

20 Novembro 2020

A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Mateus 25,31-46, que corresponde à Solenidade de Jesus Cristo Rei, ciclo do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto. 

Eis o texto.

Os cristãos, levamos vinte séculos a falar do amor. Repetimos constantemente que o amor é o critério último de toda a atitude e comportamento. Afirmamos que, por amor, o julgamento final será pronunciado sobre todas as pessoas, estruturas e realizações dos homens. No entanto, com essa bela linguagem do amor, muitas vezes podemos esconder a autêntica mensagem de Jesus, muito mais direta, simples e concreta.

É surpreendente notar que Jesus pouco fala nos Evangelhos da palavra «amor». Nem nesta parábola que descreve o destino final dos humanos. No final, não seremos julgados de maneira geral pelo amor, mas por algo muito mais concreto: o que fizemos quando encontramos alguém que precisava de nós? Como reagimos aos problemas e sofrimentos de pessoas concretas que fomos encontrando no nosso caminho?

O decisivo na vida não é o que dizemos ou pensamos, o que acreditamos ou escrevemos. Não basta tampouco sentimentos bonitos nem protestos estéreis. O importante é ajudar a quem nos necessita.

A maioria dos cristãos, sentimo-nos satisfeitos e tranquilos porque não fazemos a ninguém nenhum mal especialmente grave. Esquecemos que, segundo a advertência de Jesus, estamos a preparar o nosso fracasso final sempre que fechamos os nossos olhos às necessidades alheias, sempre que evitamos qualquer responsabilidade que não seja em benefício próprio, sempre que nos contentamos em criticar tudo, sem dar uma mão a ninguém.

A parábola de Jesus obriga-nos a fazer perguntas muito concretas: Vou fazer algo por alguém? A que pessoas posso eu prestar ajuda? O que faço eu para que reine um pouco mais de justiça, solidariedade e amizade entre nós? Que mais poderia fazer?

O último e decisivo ensinamento de Jesus é o seguinte: o reino de Deus é e será sempre dos que amam o pobre e o ajudam nas suas necessidades. Isto é o essencial e definitivo. Um dia os nossos olhos irão se abrir e descobriremos com surpresa que o amor é a única verdade e que Deus reina ali onde há homens e mulheres capazes de amar e preocupar-se com os outros.

 

Leia mais