10 Novembro 2017
A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus 25,1-13, que corresponde ao 32° Domingo do Tempo Comum, ciclo A do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.
A primeira geração cristã viveu convencida de que Jesus, o Senhor ressuscitado, voltaria brevemente cheio de vida. Não foi assim. Pouco a pouco, os seguidores de Jesus tiveram que se preparar para uma longa espera.
Não é difícil imaginar as perguntas que foram despertadas entre eles. Como manter vivo o espírito do início? Como viver despertos enquanto chega o Senhor? Como alimentar a fé sem deixar que se apague? Um relato de Jesus sobre o sucedido num casamento ajudava a pensar na resposta.
Dez jovens, amigas da noiva, acenderam as suas lâmpadas e prepararam-se para receber o esposo. Quando, ao cair o sol, chegar o noivo para tomar consigo a esposa, acompanharão ambos no cortejo que os levará até a casa do esposo, onde se celebrará o banquete nupcial.
Há um pormenor que o narrador quer destacar desde o início. Entre as jovens há cinco “sensatas” e prevenidas que tomam consigo azeite para alimentar as suas lâmpadas à medida que se vai consumindo a chama. As outras cinco são umas “néscias” e descuidadas que se esquecem de levar o azeite, correndo o risco de que se lhes apaguem as lâmpadas.
Rapidamente descobrirão o seu erro. O esposo atrasa-se e não chega até a meia-noite. Quando se ouve a chamada a recebê-lo, as sensatas alimentam com o seu azeite a chama das suas lâmpadas e acompanham o esposo até entrar com ele na festa. As néscias não fazem mais do que se lamentar: “Que se nos apagam as lâmpadas”. Ocupadas em adquirir azeite, chegam ao banquete quando a porta está fechada. Demasiado tarde.
Muitos comentadores procuram encontrar um significado secreto para o símbolo do azeite. Está Jesus a falar do fervor espiritual, do amor, da graça batismal...? Talvez seja mais simples recordar o seu grande desejo: “Eu vim trazer o fogo à terra, que desejo eu senão que se acenda?”. Há algo que possa acender mais a nossa fé que o contato vivo com Jesus?
Não é uma insensatez pretender conservar uma fé gasta sem reavivá-la com o fogo de Jesus? Não é uma contradição considerarmo-nos cristãos sem conhecer o Seu projeto, nem nos sentirmos atraídos pelo seu estilo de vida?
Necessitamos urgentemente de uma nova qualidade na nossa relação com Ele. Cuidar de tudo o que nos ajude a centrar a nossa vida na Sua pessoa. Não consumir energia no que nos distrai ou desvia do Seu Evangelho. Acender cada domingo a nossa fé, refletindo nas Suas palavras e comungando vitalmente com Ele. Ninguém pode transformar as nossas comunidades como Jesus.
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Acender uma fé gasta - Instituto Humanitas Unisinos - IHU