Por: Ana Casarotti e M. Cristina Giani | 26 Agosto 2016
"Num dia de sábado aconteceu que Jesus foi comer na casa de um dos chefes dos fariseus, que o observavam.
Jesus notou como os convidados escolhiam os primeiros lugares. Então contou a eles uma parábola: «Se alguém convida você para uma festa de casamento, não ocupe o primeiro lugar. Pode ser que tenha sido convidado alguém mais importante do que você; e o dono da casa, que convidou os dois, venha dizer a você: ‘Dê o lugar para ele’. Então você ficará envergonhado e irá ocupar o último lugar. Pelo contrário, quando você for convidado, vá sentar-se no último lugar. Assim, quando chegar quem o convidou, ele dirá a você: ‘Amigo, venha mais para cima’. E isso vai ser uma honra para você na presença de todos os convidados. De fato, quem se eleva será humilhado, e quem se humilha será elevado.»
Jesus disse também ao fariseu que o tinha convidado: «Quando você der um almoço ou jantar, não convide amigos, nem irmãos, nem parentes, nem vizinhos ricos. Porque esses irão, em troca, convidar você. E isso será para você recompensa. Pelo contrário, quando você der uma festa, convide pobres, aleijados, mancos e cegos. Então você será feliz! Porque eles não lhe podem retribuir. E você receberá a recompensa na ressurreição dos justos".
A reflexão corresponde ao 22º Domingo do Tempo Comum, do Ciclo C (28 de agosto de 2016).
Neste domingo continuamos lendo o Evangelho de Lucas. No texto que hoje nos é oferecido, Jesus vai comer na casa de um dos chefes dos fariseus. O evangelho agrega “que o observavam”.
Na linha seguinte narra que Jesus, olhando as pessoas, “notou como os convidados escolhiam os primeiros lugares”. Mas podemos imaginar que são olhares diferentes. Desde uma atitude externa Jesus percebe as intenções que há no interior da pessoa. Por isso fica impressionado com a escolha que faz cada um/a dos convidados/as. Não são pessoas muito bem intencionadas.
Como atuariam para conseguir os primeiros lugares?
Possivelmente empurrando os outros ou com sua presença externa aparentando uma grande proximidade ou amizade com o dono da casa. Infinidade de armadilhas acompanha esta busca dos lugares a que eles conferem tanta importância. Lembremos também que, nessa época, quem estava nos primeiros lugares tinha comida melhor e mais abundante.
Logo depois de ter observado esta realidade, Jesus, na sua liberdade, narra uma parábola e apresenta outro estilo de vida. É muito interessante ressaltar como Jesus também ensina a seus seguidores que ninguém fica excluído do Reino. Mas para isso é preciso que saiba quais são os diferentes comportamentos que levam até aí, onde “quem se eleva será humilhado, e quem se humilha será elevado”.
Qualquer lugar é propício para anunciar a novidade do Reino.
Jesus conta então duas parábolas referentes a um banquete. A vida é um banquete para o qual todos os seres humanos são convidados/as a participar com igualdade de condições e honras.
Nesse banquete o lugar do/a discípulo/a de Jesus é o último, ou seja, o lugar do servidor/a. Só assim os que são convidados e convidadas, todos(as), podem participar! Na sua vida, Jesus deixa claro que ele não veio para ser servido senão para servir, e por isso convida-nos a seguir seu caminho de entrega por amor aos que são rejeitados pela sociedade.
Esta atitude é narrada na segunda parábola. Jesus proclama o serviço como estilo de vida.
Uma vez mais Jesus ensina que é preciso servir a todos/as sem exclusão, e, mais ainda, prestar maior atenção aos “pobres, aleijados, mancos e cegos”.
Olhando ao nosso redor, os pobres, aleijados, mancos e cegos são aqueles que, por diferentes razões, já não contam para a sociedade, pois não servem segundo a lei do mercado. Não podem contribuir para seu crescimento econômico, para o qual não existem!
São eles, ou deveriam ser eles, os primeiros destinatários da ação dos cristãos/ãs, por meio da qual se luta para que ninguém fique excluído do banquete da vida e possa vivê-la com dignidade.
Quanto ainda fica por fazer! A realidade na qual vivemos é um apelo à nossa generosidade e gratuidade para fazer deste mundo a verdadeira casa de todos/as os/as filhos/as de Deus.
Jesus adverte que buscar recompensa agora ou esperar o reconhecimento ou a retribuição de uma pessoa não vale a pena.
Várias são as pessoas que ao longo da história têm sido servidores/as deste banquete da vida, e neste mês de setembro recordaremos Madre Teresa de Calcutá, Dom Helder Câmara e Dom Luciano Mendes de Almeida.
Suas vidas nos encorajam a “ocupar” nosso lugar de servidores/as nesta vida para que todos/as a tenham em abundância.
O buraco da agulha
Rezemos ao Senhor para que nos ensine a seguir seu estilo de vida e nos deixe assim atrair pela novidade do Reino.
Estreitou-se tanto minha existência
esmagada em um punho
de interesses alheios,
que deslizou com suavidade
pelo “buraco estreito da agulha”
até o teu encontro.
Fui tão despojado
do esplendor colado a minhas costas
como tesouro embusteiro,
que atravessei ágil
a “viela estreita”
que me conduziu
ao futuro novo de teu Reino.
Fui tão humilhado
pela desqualificação social
e por meu próprio limite
levado a todos os ouvidos
pelo vento sem amo
que curvei a cabeça
e entrei, irmão,
pela “porta pequena”
da casa comum
do verdadeiro nós.
(Benjamin González Buelta)
KONINGS, Johan. Espírito e mensagem da liturgia dominical. Porto Alegre: Escola Superior de Teologia São lourenço de Brindis, 1981.
GONZALES BUELTA, Benjamin. Salmos para sentir e saborear internamente as coisas.
PAGOLA, José Antonio. O caminho aberto por Jesus: Lucas. Petrópolis: Vozes, 2012.
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Que lugar ocupar na festa de casamento? - Instituto Humanitas Unisinos - IHU