13 Janeiro 2011
"A definição do purgatório do Papa não é nova, mas a população a desconhece porque a pregação não está muito atualizada", afirma o teólogo espanhol.
A reportagem é de A. Ramil, publicada no sítio La Opinión A Coruña, 13-01-2011. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Ele assegura que a definição de purgatório do Papa não é algo novo, mas que faz parte do "conhecimento comum teológico" há vários anos, e que uma situação semelhante é vivida por outros termos de tradição católica como o inferno e o paraíso. Prova disso é que o teólogo Andrés Torres Queiruga já analisou essas questões em sua obra O que queremos dizer quando dizemos inferno? (Paulus, 1996).
Eis a entrevista.
As palavras de Bento XVI significam uma mudança no conceito de purgatório que a Igreja tem?
Em nada. O único que demonstram é a ignorância teológica que a nossa sociedade atual vive, já que afirmar que o purgatório não é um lugar físico faz parte do conhecimento comum teológico há anos.
Então, em que consiste exatamente o purgatório?
Trata-se de um processo espiritual interno. É lógico pensar que, dado que ninguém morre sendo totalmente bom, há uma espécie de conversão e purificação no encontro com Deus.
As representações tradicionais desse conceito religioso fizeram com que a população tenha uma visão errônea dele?
Sim, e o fato de que a pregação não está muito atualizada também contribui nesse sentido para que a população desconheça o verdadeiro significado do purgatório. Nesse sentido, é preciso dizer que as palavras do Papa são positivas, porque ajudam os católicos a compreender que o objetivo não é convencer Deus da purificação de nossos pecados para que seja bom e nos livre das penas do purgatório. O fundamental é alimentar nossa fé e nossa esperança em que o encontro com Deus será para todos salvação definitiva.
A mesma confusão existe com o inferno e o paraíso?
Sim. Tanto o inferno quanto o paraíso e o purgatório são questões que ultrapassam o espaço e o tempo, e, portanto, não se deve fazer uma descrição física de uma geografia celestial. Eles fazem alusão a processos espirituais que intuímos à luz das experiências reais que vivemos em nossa vida presente e que tentamos expressar com símbolos que animem nossa esperança.
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"O inferno e o paraíso também não são lugares, são processos espirituais", afirma Andrés Torres Queiruga - Instituto Humanitas Unisinos - IHU