Paolo Taviani e o amor como entrega e sacrifício

Foto: Alexander G.- Flickr

Mais Lidos

  • Esquizofrenia criativa: o clericalismo perigoso. Artigo de Marcos Aurélio Trindade

    LER MAIS
  • Alessandra Korap (1985), mais conhecida como Alessandra Munduruku, a mais influente ativista indígena do Brasil, reclama da falta de disposição do presidente brasileiro Lula da Silva em ouvir.

    “O avanço do capitalismo está nos matando”. Entrevista com Alessandra Munduruku, liderança indígena por trás dos protestos na COP30

    LER MAIS
  • O primeiro turno das eleições presidenciais resolveu a disputa interna da direita em favor de José Antonio Kast, que, com o apoio das facções radical e moderada (Johannes Kaiser e Evelyn Matthei), inicia com vantagem a corrida para La Moneda, onde enfrentará a candidata de esquerda, Jeannete Jara.

    Significados da curva à direita chilena. Entrevista com Tomás Leighton

    LER MAIS

Revista ihu on-line

O veneno automático e infinito do ódio e suas atualizações no século XXI

Edição: 557

Leia mais

Um caleidoscópio chamado Rio Grande do Sul

Edição: 556

Leia mais

Entre códigos e consciência: desafios da IA

Edição: 555

Leia mais

22 Setembro 2018

Em 20 de setembro de 1929 nascia em San Miniato Vittorio Taviani o mais jovem dos irmãos. Vittorio morreu em 15 de abril. Já vinha doente há tempos. Talvez seja por isso que Paolo Taviani assine sozinho a direção de Uma Questão Pessoal, que estreia nesta quinta, depois de integrar a programação da Mostra, no ano passado. O roteiro, de qualquer maneira, é da dupla – uma adaptação do romance de Beppe Fenoglio.

O comentário é de Luiz Carlos Merten, publicado por O Estado de S. Paulo, 20-09-2018. O crítico de cinema comenta o filme Uma Questão Pessoal, de Paolo Taviani, em cartaz nos cinemas brasileiros.

Paolo e Vittorio voltam ao tema da guerra. Narram a história de um triângulo. Milton ama Fúlvia, mas descobre que ela tem uma ligação com Giorgio. Esse último foi preso pelos fascistas, e agora Milton procura um refém para trocar pelo amigo (rival?). Amor, sacrifício. Não é muito difícil ver nesse triângulo que não chega a se desenvolver – tudo fica muito na ótica de Milton – uma tentativa de abordar, metaforicamente, a situação dos irmãos. Acostumados a trabalhar em dupla, dessa vez podem até ter pensado o filme conjuntamente, mas, na hora de passar o roteiro pela câmera – como dizia Alfred Hitchcock –, a tarefa coube a Paolo. Um Taviani, apenas. A direção como exercício solidário.

O filme começa em meio à bruma, um casarão que adquire contornos, cores e a música – Over the Rainbow, em homenagem a O Mágico de Oz – que o impregna de vida. É a casa de Fulvia. Como se filma a guerra, seu efeito sobre as pessoas? Em A Noite de São Lourenço, seu clássico de 1981, os Taviani, em dupla, filtravam a 2.ª Guerra por ecos de outra guerra mítica, a de Troia. O embate de Heitor e Aquiles. Ettore, Ettore! O realismo de Uma Questão Pessoal é quebrado por imagens que parecem surreais.

A garotinha levanta-se em meio aos cadáveres dos integrantes da família para tomar água (e volta). O soldado fascista imagina-se no meio de uma jam session, e toca um air drum que parece não ter nada a ver com a gravidade do momento. O amor, a morte, a guerra e o comprometimento. Quando é que uma questão pessoal vira projeto coletivo, e vice-versa? Paolo, sem Vittorio, ou apenas parcialmente com ele, fez um Taviani dos grandes.

Uma Questão Pessoal / Una Questione Privata (Itália/2017, 84 min)

Dir. Paolo Taviani

Com Luca Marinelli, Lorenzo Richelmy 

Leia mais