Bolívia abre arquivos de ditaduras militares

O chanceler boliviano, David Choquehuanca. Foto: Carlos Barros/ABI

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Por: João Flores da Cunha | 08 Dezembro 2016

O Ministério das Relações Exteriores da Bolívia tornou públicos documentos secretos do período entre 1966 e 1979, em que o país foi governado por diferentes ditaduras militares. A cerimônia de abertura dos arquivos foi realizada no dia 21-11. Os documentos contêm informações sobre o Plano Condor, um acordo entre os governos militares de países da América do Sul e os Estados Unidos para eliminar dissidentes e opositores políticos.

Os documentos se referem a um período turbulento na história da Bolívia, que foi marcado por sucessivos golpes militares, instabilidade política e repressão violenta. O país teve cinco presidentes entre 1969 e 1971. O quinto deles foi o general Hugo Banzer, que, após liderar uma rebelião contra o então presidente, general Juan José Torres, governou como ditador até 1978.

Torres foi assassinado no exílio em Buenos Aires em 1976, após o golpe que instaurou a ditadura de Jorge Videla. Sua morte ocorreu no marco do Plano Condor.

O chanceler boliviano, David Choquehuanca, destacou na cerimônia de abertura dos arquivos que o período abarca o Plano Condor, a “etapa latino-americana mais sangrenta e cruel da ação coordenada dos ditadores, com apoio dos Estados Unidos, para a eliminação de milhares de pessoas”. Choquehuanca afirmou que a desclassificação dos documentos tem o objetivo de “recuperar a memória histórica dos acontecimentos do período das ditaduras”. As informações dos documentos diplomáticos podem ajudar a esclarecer a verdade sobre a ação dos diplomatas naquele momento, segundo o chanceler.

De fato, algumas informações já vêm surgindo à tona nos últimos dias. O jornal La Razón, de La Paz, revelou documentos que mostram que o padre jesuíta Luis Espinal era vigiado e perseguido pelas forças de segurança desde 1972.

Nascido na Espanha, o sacerdote chegou na Bolívia em 1968, onde realizou trabalho humanitário e jornalístico. Opositor dos regimes militares, ele foi sequestrado e assassinado por paramilitares em La Paz em 1980. “Era considerado indesejável pelo governo de Hugo Banzer e, ao que parece, eles tinham a intenção de eliminá-lo porque defendia os pobres e rejeitava as ditaduras”, afirmou ao La Razón a diretora do Arquivo Nacional do Ministério de Relações Exteriores, Raquel Lara.

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