"Se o Isis me matar, não me matem uma segunda vez." Artigo de Aldo Antonelli

Mais Lidos

  • "A ideologia da vergonha e o clero do Brasil": uma conversa com William Castilho Pereira

    LER MAIS
  • O “non expedit” de Francisco: a prisão do “mito” e a vingança da história. Artigo de Thiago Gama

    LER MAIS
  • A luta por território, principal bandeira dos povos indígenas na COP30, é a estratégia mais eficaz para a mitigação da crise ambiental, afirma o entrevistado

    COP30. Dois projetos em disputa: o da floresta que sustenta ou do capital que devora. Entrevista especial com Milton Felipe Pinheiro

    LER MAIS

Revista ihu on-line

O veneno automático e infinito do ódio e suas atualizações no século XXI

Edição: 557

Leia mais

Um caleidoscópio chamado Rio Grande do Sul

Edição: 556

Leia mais

Entre códigos e consciência: desafios da IA

Edição: 555

Leia mais

28 Julho 2016

Se eu for degolado ou decapitado ou eviscerado por um delirante de "Allah Akbar!", eu lhes peço, por favor, não me matem duas vezes: não confundam o Isis com o Islã.

A opinião é do padre italiano Aldo Antonelli, coordenador regional da associação antimáfia Libera para a província de Aquila, na Itália. O artigo foi publicado no sítio TheHuffingtonPost.it, 27-07-2016. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Eis o texto.

Isto não vai acontecer, mas, se eu for morto por quem quer que seja, por favor, eu lhes peço, não me matem uma segunda vez.

Se eu for degolado ou decapitado ou eviscerado por um delirante de "Allah Akbar!", eu lhes peço, por favor, não me matem duas vezes: não confundam o Isis com o Islã.

E, se o meu assassino for um negro ou um imigrante, eu lhes peço, por favor, diante do meu caixão, não matem também a minha memória: não confundam o delinquente com o emigrante.

No meu funeral, não quero os mestres do imbróglio, os fabricantes do ódio, aqueles que investem nos medos e aqueles que fazem carreira sobre as desgraças alheias. Eu morreria uma segunda vez. E, desta vez, de verdade!

P. S.: Já ia me esquecendo. Se eu tivesse que morrer nas mãos de um assassino qualquer, gostaria do silêncio da imprensa. Afinal, quem morreria seria somente eu. Eu não quero me prestar, nem mesmo quando morto, a esse jogo obsceno que é transmitido cotidianamente em redes unificadas: o de fazer acreditar que o nosso inimigo é o Islã, e não o terrorismo cotidiano e permanente de umas finanças que provocam fome, de um mercado que desertifica e de uma política que não faz nada. E cujas vítimas são milhões e milhões, sem excluir os próprios terroristas.